No dia 04 de novembro aportou no Rio de Janeiro o veleiro da fundação francesa Tara Océane. Até o dia 07 de novembro, ele ficou atracado ao lado do Museu do Amanhã, e promoveu uma série de atividades educacionais e de conscientização sobre o oceano: palestras, conferências, painéis e atividades interativas com as crianças. O público teve ainda a oportunidade de visitar externamente o veleiro, que possui um grandioso casco de alumínio com 36 metros de comprimento.
O Tara já realizou 12 expedições científicas, percorreu mais de 450.000 quilômetros e ficou por meses encalhado no gelo do Ártico para alertar sobre as mudanças climáticas. Dessa vez, o Tara partiu para uma viagem de mais de dois anos pelo Atlântico Sul, descendo a costa brasileira até atingir os mares da Antártica e retornar para a França pelo litoral africano. O objetivo é estudar os ainda pouco conhecidos microrganismos marinhos, tentar entender o papel de cada um deles, sua organização e suas interações. Cada litro de água do mar contém entre 10 e 100 bilhões de organismos microscópicos, que possuem um papel fundamental na produção de oxigênio, na distribuição de matéria e energia através das teias tróficas marinhas (redes alimentares com múltiplas interações entre os organismos envolvidos) e no aprisionamento de carbono no oceano profundo.
O veleiro possui todo o equipamento necessário para a pesquisa: rede manta para coletar plásticos flutuantes na superfície; redes de plâncton com diferentes malhagens para amostrar organismos de tamanhos distintos; uma estrutura similar a um carrossel, chamada de rosette, onde são presas garrafas para coleta de água equipadas com sensores para obtenção de dados físicos e químicos do oceano; instrumentos de medição do ar; microscópios; dois laboratórios secos para análises em tempo real; um laboratório molhado onde a água é filtrada para separar vírus e bactérias; e locais adequados de armazenamento de amostras. Conta com uma tripulação de 14 pessoas, incluindo cientistas brasileiros que irão se revezar ao longo da jornada. No Atlântico Sul, a missão microbiomas atua com o programa AtlantECO, um programa de pesquisa europeu que conta com diversos parceiros internacionais.
Junto ao Tara, no dia 7 de novembro, aportou também na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, o veleiro de Expedições Científicas Oceanográficas – ECO, com pouco mais de 18 metros, para realizar atividades de divulgação científica com escolas cariocas. O veleiro é uma iniciativa da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com a finalidade de criar um ambiente embarcado de apoio ao desenvolvimento de expedições científicas e de formação de recursos humanos. Ainda em fase de testes, mas já munido de diversos equipamentos científicos, como o Towfish, um veículo submarino rebocado que foi totalmente projetado por alunos da UFSC e que possui uma sonda CTD acoplada, equipamento oceanográfico usado para medir a temperatura, condutividade e profundidade.
Assim como o veleiro Tara, ele atuará no programa AtlantECO, financiado pela União Europeia. Ambos os veleiros deixaram as águas do Rio de Janeiro no dia 10 de novembro, rumo à Itajaí, município no litoral de Santa Catarina, onde prosseguem o roteiro de atividades científicas e de popularização das ciências do mar.
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