Cruz credo

Os dois últimos relatórios da Comissão Presidencial de Bioética dos Estados Unidos – órgão que regula qualquer pesquisa com células tronco no país – parecem um filme de horror. Tecnicamente, a Comissão, dominada por conservadores apontados por George Bush, tem que achar uma maneira permitir pesquisa com células tronco e ao mesmo tempo agradar a ala mais à direita dos republicanos. Um dos textos, propõe que a solução é definir o momento em que um embrião morre. Evita-se o preceito religioso de que o direito à vida é sagrado e usa-se a doação de órgãos como exemplo a ser seguido. Depois da morte, não há nenhum mal em fazer a colheita para salvar vidas. Foi o que a Slate, onde está publicada esta reportagem, definiu como a idéia mais convencional. A segunda, é muito mais sofisticada, e aterrorizante. Baseia-se na tese de São Tomás de Aquino de que a vida está no todo. Ela defende que o gene de formação de um embrião seja desligado a uma certa altura de seu desenvolvimento, para que ele não seja mais do que isso, um amontoado de células-tronco. A técnica pode ser usada para clonar órgãos e membros, nos quais por sua vez poderão ser clonados outros órgãos e membros, não necessariamente onde crescem em seres humanos. O repórter viu uma fotografia de um tronco em cujas costas cresciam dentes.

Por Manoel Francisco Brito
8 de dezembro de 2004

Choque de ordem

A Polícia Federal prendeu ontem 18 pessoas acusadas de fazerem parte de quadrilha que grilava terras no Pará. Entre elas estão 8 funcionários do Incra, um deles, José Roberto Faro, nada mais nada menos do que o superintendente do órgão no Pará. Dele, a PF diz ter provas que recebeu R$ 300 mil para facilitar a liberação de documentos para legalizar cerca de 500 mil hectares de terras da União – O Globo (gratuito, pede cadastro) diz que isso equivale a uma Brasília – em nome de terceiros. Faro chegou à chefia do órgão indicado pelos movimentos sociais que são a força do atual manda-chuva do Incra na capital federal, Miguel Rosseto. Ontem, ele passou o dia fechado em copas. Não quis falar sobre o assunto e soltou apenas nota exonerando Faro de seu cargo.

Por Manoel Francisco Brito
8 de dezembro de 2004

Além da conta

Dependendo da perspectiva, o leilão de energia feito ontem em São Paulo sob a batuta pessoal da ministra Dilma Roussef pode ser qualificado tanto como um sucesso quanto como fracasso. O governo queria derrubar o preço da energia ofertada pelas geradoras. Conseguiu. Mas parece ter ido além da conta, diz o Valor (só para assinantes). O preço ficou barato demais e isto compromete investimentos futuros no setor. O mercado tratou de cair for a dele tão logo o leilão acabou. Os papéis das geradoras despencaram nas bolsas.

Por Manoel Francisco Brito
8 de dezembro de 2004

Pó transgênico

A reportagem está no Financial Times (área gratuita) e conta que a polícia da Colômbia não tem mais dúvidas que os traficantes de cocaína aderiram à transgênia. Os agentes identificaram uma nova versão da planta de coca, base da droga, geneticamente modificada. Ela tem o dobro do tamanho da planta natural, produz 8 vezes e tem ainda outra vantagem: resistência à herbicidas. Eles vinham sendo a principal arma utilizada pelo governo do país para pelo menos atrapalhar a capacidade produtiva dos traficantes.

Por Manoel Francisco Brito
8 de dezembro de 2004

Crescimento inútil

A área plantada de grãos da safra de 2005 é quase 10% maior que a deste ano. São 46 milhões de hectares, o equivalente a dois estados de São Paulo. No entanto, no horizonte dos agricultores pairam nuvens de prejuízo. É que o preço dos produtos continua caindo no mercado internacional. Nem o aumento da área plantada conseguirá compesar esta redução, afirma reportagem do Valor (só para assinantes).

Por Manoel Francisco Brito
8 de dezembro de 2004

Nuvem de morte

Todos os anos, uma imensa nuvem de pó – do tamanho da Espanha segundo o Guardian (gratuito, pede cadastro) – forma-se na África e viaja, com o auxílio dos ventos, até o Caribe. Pesquisas recentes mostram que esta nuvem está virando tremendo perigo. Além do pó, ela está carregando sobre o Atlântico químicos, vírus e bactérias que vai colhendo ao longo de sua passagem sobre solo africano. Elas não estão atacando só humanos. Há vários ecossistemas de corais no Caribe em franca decadência, causada pelos micróbios e poluentes que viajam nessa nuvem.

Por Manoel Francisco Brito
8 de dezembro de 2004

Terror

Os americanos estão pressionando a Organização Mundial de Saúde a destruir os vírus de varíola que guarda em seus cofres e que são destinados à pesquisas para encontrar novos meios de preveenir ou tratar a doença. Dizem que há risco de o material cair em mãos de terroristas e ser usado para fabricar armas químicas. Não é paranóia. A Technology Review diz que nos anos 80 a então União Soviética mantinha mísseis apontados para os Estados Unidos que levavam nas ogivas elementos químicos construídos a partir de material do vírus da varíola.

Por Manoel Francisco Brito
8 de dezembro de 2004

Cadeia neles

A Polícia Federal prendeu em Manaus o superintendente do Incra no Pará, José Roberto Faro. Seu adjunto, Pedro Paulo Peloso, também foi preso. Ambos são acusados de pertencerem a uma quadrilha de grilagem de terras e estão na primeira leva de prisões feitas pela Operação Faroeste da PF, que investiga a ação de grileiros em território paraense. Outras 16 pessoas foram presas. Entre elas mais seis funcionários do Incra no estado. São acusados de crimes contra a ordem tributária, corrupção ativa e passiva, grilagem de terras e formação de quadrilha.

Por Redação ((o))eco
7 de dezembro de 2004

Aula de saneamento

As perdas das companhias de saneamento podem chegar a cerca de 50% na distribuição de água e 25% na de energia. Para diminuir a ineficiência dos sistemas de distribuição, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e a Companhia de Saneamento do Pará promovem, de 6 a 10 de dezembro, em Belém, o Curso de Combate ao Desperdício de Energia e Água. Os alunos serão dirigentes das empresas de saneamento das regiões Norte e Nordeste. Entre os palestrantes do curso, especialistas como Estanislau Marcka, da USP, Heber Pimental, da Federal da Paraíba (UFPB), Paulo Roberto Cherem de Souza, da PUC de Minas, e Frederico Ostermayer, da Federal do Rio Grande do Sul.

Por Eduardo Pegurier
3 de dezembro de 2004

O Rio descoberto na Austrália

No século XVIII, o Rio de Janeiro recebeu um sem-número de expedições científicas que vinham explorar o Novo Mundo. Na mesma época, a Austrália também atraía pesquisadores europeus entusiasmados com sua riqueza natural. Essa coincidência de destinos fez com que parte do acervo iconográfico sobre o Rio daquele período fosse parar não na Europa, mas em museus australianos. Pedro da Cunha e Menezes — diplomata, ex-chefe do Parque Nacional da Tijuca e colunista do O Eco — dedicou-se a pesquisar museus e instituições na Austrália e voltou de lá com 200 pinturas, aquarelas e desenhos. O resultado, ele mostra no livro O Rio de Janeiro na Rota dos Mares do Sul (editora Andréa Jakobsson), a ser lançado no próximo dia 17 de dezembro, no Espaço Cultural da Marinha. Boa parte do material é inédito. São cenas urbanas, registrando as pessoas e a arquitetura da época, e retratos dos exuberantes recursos naturais de então, a Floresta da Tijuca por todos os ângulos, com suas fazendas, águas, flora e fauna, uma série de pássaros, mamíferos e morcegos, além dos peixes que abundavam na Baía de Guanabara.

Por Lorenzo Aldé
3 de dezembro de 2004