Fui um dos trouxas que aplaudiu a entrada de Carlos Minc no Ministério do Meio Ambiente. Apesar de sabê-lo viajandão e performista, sempre o achei honesto, e me parecia que poderia ser um gestor mais combativo depois de termos visto a Senadora Marina Silva fazer um papelão como ‘soldada de Lulla’, engolindo todo tipo de crimes estatais e desaforos do Einstein de Garanhuns e sua ungida Candidata Plástica da Casa Civil, ambos inimigos declarados e ferrenhos da conservação da biodiversidade brasileira, ele por ignorância pura, ela por interesse econômico mesmo.
Fingindo ao mundo que se importa e adota medidas sérias de controle das emissões de gases-estufa e do desmatamento, enquanto aqui dentro segue sendo cúmplice da destruição acelerada da Amazônia e demais ambientes naturais.
As semanas que passaram, com nosso Minc-nistro centrando seus shows de colete na já falida e insuficiente Conferência de Copenhague sobre o clima, mostrou que Minc aprendeu rápido – e infelizmente muito bem – a fazer o papel de ventríloquo das barbaridades palacianas. De esperança de uma gestão mais prática e útil no MMA, virou apenas mais um político a mirar as eleições de 2010 para segurar o palanque sujo de Dilma, Musa dos Empreiteiros e das emissões de carbono desenfreadas do “agronegócio” medieval que infesta o país.
Enquanto a delegação brasileira serviu de background folclórico em Copenhague para os desfiles da outra Musa do Atraso nacional, a senadora-latifundiária Kátia Abreu, e se desvela em auto-congratulações sobre “metas” de redução futura de emissões absolutamente mentirosas – eis que sabemos muito bem qual o grau de cumprimento de metas, leis e controles ambientais aqui em Pindorama – o mesmo Minc que adota na área ambiental internacional o discursinho ufanista, quase nacional-socialista, de Lullão Metralha et caterva, apoia aqui na imprensa doméstica uma das maiores falcatruas ambientais E fiscais já perpetradas contra o Brasil, na forma do decreto lullesco que empurra com a barriga as multas para os fazendeiros que comeram ilegalmente a reserva florestal legal e seguem se recusando a registrar suas áreas de preservação obrigatória, certos que estão de que, enquanto a atual troupe pró-desmatamento dominar o Planalto, nada tem a temer. O custo da brincadeirinha eleitoreira e arrecadatória de doações de latifundiários para a campanha 2010: 10 bilhões de reais não arrecadados dos criminosos ambientais do campo. Chore, trouxa: é do seu bolso que está saindo esse subsídio à continuidade da sem-vergonhice de quem tem milhares de hectares e se recusa a deixar uma mixaria de terra reservada à continuidade do que resta de biodiversidade em nosso pobre, estuprado país.
Melhor que isso, só se o des-governo Lulla Roussef tentar encomendar um cartaz a Ziraldo no estilo daquela bela campanha anti-fumo, mas que agora diga: Preservar é Brega.
É assim – com uma retórica semi-coitadinha, semi-ufanista sobre como somos maravilhosos em prometer cortes futuros de emissões, mas como necessitamos meter a mão no erário do contribuinte de país alheio para fazê-lo – que nosso des-governo perpetua uma fraude de tamanho global, fingindo ao mundo que se importa e adota medidas sérias de controle das emissões de gases-estufa e do desmatamento, enquanto aqui dentro segue sendo cúmplice da destruição acelerada da Amazônia e demais ambientes naturais, sendo uma sucursal dos arrotos de metano das vacas de Kátia Abreu e do vômito de carvão das termelétricas de Eike Batista. Conseguimos a façanha de fingirmos compromisso no exterior enquanto aqui transformamos o Estado nacional em sucursal dos interesses provados mais daninhos ao planeta que já se viram florescer à sombra dos palácios brasilienses.
Nosso Minc-nistro, muito estimulado pelo efeito psicotrópico dos holofotes estrangeiros, não se contenta em fazer essa dupla face de posar de bonzinho lá fora e de defensor do escangalhamento florestal no Brasil aqui dentro. Não! Ainda sobra em críticas às propostas mais moderadas de compartilhar a responsabilidade financeira do dano planetário das mudanças climáticas, com um papinho-goiaba de que apenas os ‘países desenvolvidos’ devem contribuir a um fundo global de mitigação do apocalipse em que nos atiramos no futuro próximo. Ora pois, não somos “os caras”, não somos um país que “chegou lá”, que superou tudo e todos para sentar-se à mesa dos reis? Então por que não temos coragem, vergonha na cara, hombridade para assumir o tamanho do estrago que as queimadas, as fazendas mal geridas e o péssimo uso e produção porca de energia do Brasil causam ao planeta?
Isso sem falar no estrago em nossa própria biodiversidade causado pelas “limpas” hidrelétricas e monoculturas de biocombustível, mas querer falar nisso para a delegação de políticos brasileiros em Copenhague já é exigir neurônios demais dessa gente…
Minc, que como Marina tinha um belíssimo histórico de militância ambiental parlamentar, será, certamente, candidato de novo a qualquer coisa no Rio de Janeiro. Deve resultar eleito, a qualquer coisa, já que o eleitor provou ad nauseam que valoriza mais a performance que o conteúdo. Mas é uma pena que assim seja. Ele tinha autoridade para ser um Ministro sério e independente, e, ao contrário de Marina que –mesmo tardiamente – teve a coragem de denunciar as pressões e tomar outro rumo, vai aos palanques carregando essa sina de ter sido testa-de-ferro do lullismo anti-ambiental até o fim.
Caiu por terra também esta semana, em definitivo, o discurso caudilhesco de Lullão Metralha sobre a suposta “liderança” do Brasil no mundo em desenvolvimento e no tema de mudanças climáticas entre os países mais desfavorecidos. É só se ver o escândalo legítimo feito por Tuvalu contra o Brasil, parte do protagonismo corajoso dos pequenos países insulares em Copenhague, para ver que a “solidariedade” lullesca se restringe a golpistas fracassados em Honduras e mandaletes semi-analfabetos das miseráveis republiquetas que nos cercam. O mundo em desenvolvimento não pediu, não endossou e não quer que o Brasil do des-governo pró-desmatamento e pró-continuidade do aquecimento global o represente. Tenhamos, ao menos, a sobriedade de passar vexame sozinhos em Copenhague, sem tentar arrastar à lama outras nações pobres, porém honestas.
E, agora que essa conferência do absurdo terminou, ao menos leiamos o que diz a imprensa internacional, e não só os releases goebbelianos de Brasília. Quem sabe assim poderemos dizer aos nossos filhos de quem é a culpa, aqui mesmo em terras bananeiras, do futuro deles ser tão ruim.
*Esse texto foi editado em 19/05/2024 para repaginação
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