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Resistências à conservação

Quando se tenta criar unidades de conservação, a população se opõe. Um indicador de que o Brasil está na estaca zero na educação ambiental.

13 de abril de 2010 · 15 anos atrás
  • Germano Woehl Junior

    Catarinense, doutor em física pela UNICAMP, pesquisador titular do Instituto de Estudos Avançados, em São José dos Campos (SP...

 
Estudantes do ensino médio da Escola Estadual “Professor João Cruz”, de Jarareí (SP), nas atividades de interpretação de trilha em um fragmento da Mata Atlântica do Campus da UNIVAP, Vila Branca, em Jacareí.

Sempre que se tenta criar uma unidade de conservação da natureza há uma grande resistência da maioria da população. Isto é um indicador de que o Brasil está na estaca zero em termos de Educação Ambiental. Que precisa de investimentos pesados nesta área como fazem os países do primeiro mundo.

Vejam o resultado do nosso projeto no relatório da estudante YASMIN JESUS DE MELO, da escola pública estadual EE PROFESSOR JOÃO CRUZ de Jacareí (SP), vale do rio Paraíba, participante das atividades de interpretação de trilha, no fragmento de Mata Atlântica do campus da UNIVAP em Jacareí. No final da página Projetos em Andamento estão disponíveis outros relatórios dos estudantes que participaram das atividades deste projeto que só foi possivel realizar graças ao patrocínio da Johnson & Johnson.

Percebam como é importante realizar este projeto. Geralmente, os estudantes não têm noção do que significa uma mata preservada e pelo resto da vida não vão compreender a necessidade de se criar áreas protegidas (unidades de conservação da natureza), por exemplo. O pouco de conhecimento que eles absorverem já é suficiente para terem uma visão diferente e formarem outros valores.

Quando a maioria das pessoas acha que criar uma área protegida é estorvo, vai travar o desenvolvimento, é sintoma de algo está muito errado. Não estão estendendo ou levando a sério a questão ambiental. O normal é a sociedade pedir – e não impedir – a criação de uma área protegida. E nossa atuação vai neste sentido, ou seja, trabalhamos na construção de uma sociedade bem informada para tomar as decisões corretas.

Aqui, na região do vale do rio Paraíba, São Paulo, estamos vivenciando um lamentável caso de resistência da população contra a criação do Parque Nacional Altos da Mantiqueira e a imprensa vem colaborando ativamente para desinformar a população.

Equivocadamente, não menciona os benefícios que o parque trará para o desenvolvimento sustentável da região. Apenas critica intensamente. Mostra que propriedades rurais arrasadas, espremidas nos fundos dos grotões entre as gigantescas montanhas da serra da Mantiqueira, com seus recursos naturais completamente esgotados e problemas ambientais gravíssimos de difícil solução decorrentes de décadas de exploração predatória podem ainda trazer prosperidade para seus proprietários.

A criação de uma área protegida não provoca e nunca provocou êxodo rural no Brasil ou em qualquer outro lugar do mundo. Já a degradação dos terrenos e estas monoculturas de eucalipto e outras plantas, comprovadamente provoca.

Acho que o Parque Nacional Altos da Mantiqueira vai gerar mais renda para os proprietários rurais e para os municípios do que estas plantações de eucaliptos que estão se espalhando por toda a paisagem. Quanto a este problema que vai gerar um passivo ambiental que compromete seriamente o futuro da região, os prefeitos que tanto criticam a criação do parque não demonstram a mesma preocupação.

É claro que eles não vão reclamar. Porque quem vai ter que assumir este passivo ambiental e sofrer as conseqüências é a sociedade, as gerações futuras. Alguém duvida disto? Pergunte então para os moradores de São Luiz do Paraitinga (SP) que tiveram sua cidade destruída recentemente por uma enchente tão devastadora, como se fossem atingidos por um tsunami.

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