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Newsletter O Eco+ | Edição #120, Outubro/2022

A pomba invasora, vontade política e uma saída à francesa

Newsletter O Eco+ | Edição #120, Outubro/2022

23 de outubro de 2022

Conhecida como avoante, pomba-campestre ou pomba-orelhuda, a Zenaida auriculata éuma espécie de ave que se adapta fácil a locais que foram modificados por ação humana. Originária do Nordeste brasileiro, sua população no interior de São Paulo e Paraná explodiu a partir de 1970, ao adaptar-se aos ambientes criados pela agricultura e pecuária. Hoje, ela pode ser encontrada em quase toda porção leste do Brasil. Inclusive na Amazônia, com frequência crescente. A reportagem de Cristiane Prizibisczki traz a pesquisa do veterinário Carlos Nei Ortúzar Ferreira que mostra como o avanço do desmatamento na Amazônia tem criado ambiente propício para o estabelecimento da espécie também neste bioma. O que é uma notícia ruim.

Com a implementação efetiva de políticas e tecnologias já existentes, o Brasil poderia atingir – e superar – a meta de redução de emissões de metano estabelecida no final de 2021 com o Compromisso Global do Metano. O documento, assinado durante a Conferência do Clima da ONU (COP-26), em Glasgow, estabelece a meta global de redução de 30% até 2030. O Brasil poderia reduzir em 36%. Basta vontade política, comprovou esta semana o Observatório do Clima. O estudo inédito é tema de mais um texto de Cristiane Prizibisczki.

O Brasil é o principal proponente do Santuário de Baleias no Atlântico Sul, que seria uma zona livre de caça de cetáceos que abarcaria toda a porção do Atlântico entre o litoral brasileiro, uruguaio, argentino e o continente africano. A criação deste refúgio era uma das principais pautas em jogo na 68ª reunião da Comissão Internacional da Baleia (CIB), que chegou ao fim nesta quinta-feira (20), na Eslovênia. Duda Menegassi nos conta como, através de uma manobra diplomática, os 17 países baleeiros conseguiram bloquear o que desenhava-se como uma votação bem-sucedida para criar um Santuário de Baleias no Atlântico Sul. 

Boa leitura!

· Destaques ·

Desmatamento tem criado ambiente propício para chegada de espécies não florestais na Amazônia

Presença cada vez mais frequente de animais como pomba-campestre e lobo-guará indicam surgimento irreversível de campos no bioma. Interação com fauna e flora local ainda está sendo estudada

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· Conservação no Mundo ·

Investindo em alternativas. O mundo parece caminhar no sentido de investir mais em energia eólica e solar do que em perfuração de petróleo e gás. Os investimentos em energias renováveis ​​devem chegar a US$ 494 bilhões em 2022, superando os US$ 446 bilhões destinados à extração de combustíveis fósseis, segundo a Rystad Energy, uma empresa independente de pesquisa em energia. “O impulso mais forte à transição energética global é a rápida redução dos custos da energia solar e eólica, que superará os atuais choques de curto prazo no sistema energético”, afirma o CEO da DNV, Remi Eriksen, outra empresa de pesquisa de energia. A empresa prevê que os gastos globais com energias renováveis ​​dobrarão nos próximos 10 anos.  [Yale360]

 


 

Alívio. Por décadas, os cientistas do clima se perguntaram se os reservatórios de hidrato de metano – depósitos naturais semelhantes a gelo, compostos de água e gás metano concentrado – poderiam “derreter” e liberar grandes quantidades desse gás no oceano e na atmosfera à medida que as temperaturas do oceano esquentassem. Um novo estudo publicado na Nature Geoscience mostra que este ainda não é o caso. Embora a estabilidade do reservatório de hidrato de metano seja sensível a mudanças de temperatura, “nas regiões de latitude média onde este estudo foi realizado, não vemos assinaturas de metano hidratado sendo emitido para a atmosfera”, diz DongJoo Joung, o autor do estudo. O coautor John Kessler chama esses resultados de “boas notícias” – mas que ressaltam o trabalho que resta. “Isso nos diz que, para reduzir as fontes de metano na atmosfera, podemos focar mais nossa atenção na mitigação das emissões humanas”. [ScienceDaily]

 

· Dicas Culturais ·

De 20 de outubro a 02 de novembro, acontece em São Paulo a 46ª Mostra Internacional de Cinema, que neste ano terá formato majoritariamente presencial. Este ano, entre documentários e ficções, o recorte “Olhares Sobre a Amazônia” traz filmes que olham a Amazônia do ponto de vista dos povos originários, lidam com a ancestralidade se valendo da linguagem da arte performática, observam os danos imediatos da mineração ilegal e também o impacto ambiental e social do garimpo, além da violência, pressões e transformações humanas no local. 

Veja algumas recomendações a seguir e confira a seleção completa de filmes no site do evento

• Pra Assistir •

Pisar Suavemente na Terra (2022) | Marcos Colón 

Três lideranças indígenas da Amazônia tentam manter vivas suas formas de estar no mundo. Eles narram as ameaças aos seus territórios promovidas pela grande mineração, pelo monocultivo, pelo garimpo, pela exploração de petróleo, pela extração de madeira e pela construção de usinas hidrelétricas. Interligadas pela voz e o pensamento ancestral de Ailton Krenak, esses relatos de resistência nos apresentam outras formas de existir e caminhar no mundo.

As sessões acontecerão em 29/10 (CineSesc, 19h) e 2/11 (IMS – Instituto Moreira Salles, 18h). 

Ingressos

• Pra Assistir •

Amazônia, a Nova Minamata? (2022) | Jorge Bodanzky

A história de Minamata, no Japão, se repete na Amazônia. As lideranças Mundurukus enfrentam as ameaças dos garimpeiros, incluindo outros indígenas, e se organizam para combater as fontes da contaminação dos rios por mercúrio, garantir a saúde de seus filhos e preservar a floresta. 

As sessões acontecerão em em 27/10 (CineSesc, 20h30) e 2/11 (MIS, 14h).

Ingressos

• Pra ouvir •

Uýra – A Retomada da Floresta | Juliana Curi

Uýra, uma artista trans indígena, viaja pela Amazônia em uma jornada de autodescoberta usando a arte performática para ensinar aos jovens indígenas que eles são os guardiões das mensagens ancestrais da floresta amazônica. 

As sessões acontecerão em 1/11 (Cine Satyros Bijou, 14h)

Ingressos

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