Biblioteca do ((o))eco

Newsletter O Eco+ | Edição #159, Agosto/2023

Micos-leões-dourados, Porto Central e o esforço por uma boa reposição florestal

Newsletter O Eco+ | Edição #159, Agosto/2023

06 de agosto de 2023

“O resultado veio com esforços de conservação e reforça a esperança quanto ao futuro de uma espécie tão simbólica”, comemora Luís Ferraz, secretário-executivo da Associação Mico Leão Dourado (AMLD). E qual foi esse resultado? A reportagem de Aldem Bourscheit mostra que a população de micos-leões-dourados saltou de 3.700, em 2013, para cerca de 4.800, este ano. Um crescimento de 29,7%. Os números de hoje são ainda mais importantes porque a febre amarela encolheu a população para 2.500 animais, entre 2014 e 2018. Em certas áreas, a doença reduziu os grupos em mais de 90%. A celebração pelo retorno das populações de micos não afasta mais esforços para conservá-los no longo prazo. Para isso é preciso conter o desmatamento e a fragmentação florestal, bem como o tráfico.

Por falar em combate ao desmatamento e à fragmentação florestal, um estudo mostrou que a maioria dos estados do Cerrado e da Amazônia segue implementando a reposição florestal para atender à demanda de madeira e não para recuperar ecossistemas. “Todo desmatamento deveria gerar uma compensação por esse dano que é retirar vegetação. Mas essa reposição obrigatória continua dentro da lógica de olhar essa floresta nativa como fonte de matéria-prima. ‘Se eu tirei madeira, eu posso repor madeira’ e não é isso”, explica a Cristina Leme Lopes, gerente sênior de pesquisa do Climate Policy Initiative (CPI)/PUC-Rio. Pesquisadores defendem que o cálculo de reposição florestal nos estados também leve em conta os critérios ecológicos da área desmatada, como localização, extensão da área e o tipo de vegetação suprimida. Confira na reportagem de Michael Esquer os critérios utilizados na análise.

Um projeto de mega condomínio portuário, orçado em R$ 5 bilhões, obteve Licença de Instalação para iniciar suas obras em um território tradicional de pesca artesanal. Fernanda Couzemenco mostra como o licenciamento avança no Ibama sem garantir compensações para perda de territórios, nem a segurança das mulheres mediante a chegada de milhares de trabalhadores para as obras. O Porto Central, previsto para ocupar uma área de 2 mil hectares na foz do rio Itabapoana, no município de Presidente Kennedy (ES), deve prejudicar pelo menos 400 famílias de trabalhadores do mar e de localidades ribeirinhas.

Boa leitura!

Redação ((o))eco

· Destaques ·

População de micos-leões-dourados cresceu 30% na última década

Os hoje estimados 4.800 animais driblaram até impactos da febre amarela, mas sofrem com desmate e comércio ilegal

Mais

Por que a compensação pelo desmatamento legal ainda não avançou no Cerrado e Amazônia?

Estudo mostra que maioria dos estados nos biomas segue implementando a reposição florestal para atender demanda de madeira e não para recuperar ecossistemas

Mais

Porto Central: projeto de R$ 5 bilhões ainda não tem orçamento de compensação para a pesca

Licenciamento avança no Ibama sem garantir compensações para perda de territórios, nem a segurança das mulheres mediante a chegada de milhares de trabalhadores para as obras

Mais

· Conservação no Mundo ·

O futuro dos manguezais é comunitário. A Iniciativa Kiwa – Soluções baseadas na natureza (NbS) para resiliência climática que visa fortalecer a resiliência às mudanças climáticas dos ecossistemas, comunidades e economias das Ilhas do Pacífico – “Using Nature to Conserve Nature“. Para o Dia Mundial de Proteção aos Manguezais, celebrado no final de julho, a IUCN destacou dois projetos da Iniciativa Kiwa que estão trabalhando na conservação e restauração de manguezais em suas respectivas comunidades, um em Fiji e o outro no Timor-Leste. [IUCN]


Antes tarde do que mais tarde. O governo de Ontário (CAN) criou a primeira unidade de conservação da província em mais de 10 anos. A Monarch Point Conservation Reserve protegerá quase 4.000 acres (aprox. 1700 hectares) ao longo da costa sul do Condado de Prince Edward. A nova UC é resultado de um extenso diálogo entre comunidades indígenas, residentes e grupos de conservação, unidos pelo objetivo comum de proteger a biodiversidade de Ontário e criar um futuro mais sustentável para todos. [Ontario News]

· Animal da Semana ·

O animal da semana é a paca!

Presentes em quase todo o Brasil, as pacas são animais de grande porte. Entre os roedores brasileiros, só perdem para a capivara em tamanho! São animais tímidos, de hábitos noturnos e solitários. As pacas vivem em florestas tropicais, geralmente próxima a rios. São bastante rápidas e excelentes nadadoras.

Embora seja classificadas como “pouco preocupante” nas listas do ICMBio (nacional) e da IUCN (internacional), sua situação é mais preocupante no sul do Brasil – no Rio Grande do Sul, está em “perigo crítico”; em Santa Catarina, “vulnerável”; e no Paraná, “em perigo”. Além disso, já começa a preocupar em São Paulo, onde é classificada como “quase ameaçada”. A principal ameaça às pacas é a caça ilegal.

🎨 Gabriela Güllich (@fenggler)

· Dicas Culturais ·

• Pra ler •

Brasil: Paraíso restaurável | Jorge Caldeira, Julia Mariska Sekula e Luana Schabib

O mundo está mudando depressa. Os alicerces de um futuro mais saudável, limpo e próspero estão sendo construídos. Neste novo contexto, o Brasil, por suas potencialidades naturais, pode assumir uma posição de enorme destaque. É esta a oportunidade histórica que não podemos perder.

Editora Sextante

• Pra assistir •

Exu e o Universo (2013) | Thiago Zanato

No Brasil, país onde a liberdade de culto está sob ataque e o racismo é sistêmico, um professor nigeriano e sua comunidade lutam para provar que seu Deus Exu não é o diabo. Exu e o Universo é um filme sobre a descolonização do pensamento e a influência do povo Iorubá no Brasil e ao redor do mundo.

Mostra Ecofalante 

• Pra ouvir •

O caminho do gado ilegal que sai da Amazônia | O Assunto

Durante 53 dias, agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) estiveram dentro da Reserva Biológica Nascentes da Serra do Cachimbo numa operação para interromper a cadeia de ilegalidades: desmatamento, grilagem de terra, tráfico de madeira e pecuária ilegal. O repórter Victor Ferreira, da TV Globo e da GloboNews, acompanhou parte do trabalho e contou para Natuza Nery de que modo os criminosos operam para tornar legal a carne para exportá-la.

Spotify

Mais de ((o))eco