Newsletter O Eco+ | Edição #165, Setembro/2023
17 de setembro de 2023
O futuro do licenciamento ambiental baiano, crise climática e a volta dos avestruz-norte-africano no Chade
Durante a gestão de Márcia Telles, a Bahia se tornou campeã em destruição ambiental, inclusive pela liberação em “larga escala” de licenças para supressão de vegetação nativa. Uma análise do Instituto Mãos da Terra (Imaterra) mostrou que 5.126 autorizações publicadas entre setembro de 2007 e junho de 2021 permitiram o desmate de um milhão de hectares em todo o estado, uma área equivalente a 32 cidades de Salvador, publicou o Observatório do Clima. Após cerca de uma década ocupando cargos de liderança em órgãos ambientais estaduais, Telles foi exonerada e a nomeação de sua substituta, Maria Amélia Mattos Lins, já foi publicada no Diário Oficial Baiano.
O papel dos estados na preservação ambiental brasileira se reflete também nas respostas a eventos extremos. A coluna de Carlos Bocuhy mostra que mesmo com riscos conhecidos e boas previsões climáticas, as reações oficiais não são suficientemente rápidas para enfrentar desastres naturais. Preparar a humanidade para enfrentar eventos extremos implica a capacidade de estruturar a governança e construir estruturas defensivas eficientes. É comum que governos ineficientes justifiquem a inação com meias medidas. Nesse cenário, acreditando estarem a salvo, milhões de pessoas vivem sobre novas áreas de risco climático acreditando em falsa segurança.
Uma boa notícia, no entanto, é que uma estratégia de reintrodução em área protegida na África trouxe de volta o avestruz-norte-africano para o Chade, um país com território equivalente a duas vezes o estado de Minas Gerais. Um terço do Chade é coberto pelas areias do Deserto do Saara e é no Parque Nacional Zakouma que o projeto foi buscar os animais para reintrodução. “A espécie sobrevive até hoje, mas em pequenos fragmentos. E quando você encontra eles, são poucos indivíduos cuja sobrevivência no longo prazo é incerta. Tanto por causa do baixo número de indivíduos, quanto porque não estão em áreas protegidas”, conta a gerente regional de conservação da African Parks, Elsa Bussiere. A reportagem de Duda Menegassi explica como funciona essa iniciativa.
Boa leitura!
Redação ((o))eco
· Destaques ·
Sob nova direção, qual o rumo do licenciamento ambiental baiano?
Eventos extremos e governança climática
A volta do dançarino dos desertos
· Conservação no Mundo ·
Uma mão lava a outra. O governo do Peru assinou um acordo para redirecionar mais de US$ 20 milhões de dívidas aos Estados Unidos para a conservação de algumas das áreas de maior biodiversidade do planeta. Os fundos da troca de dívida por natureza protegerão três áreas prioritárias na Amazônia peruana, que cobrem cerca de 10% do país, estabelecendo parques e outras áreas protegidas, além de melhorar os meios de subsistência dos povos indígenas e das comunidades locais. [Conservation.org]
O que dois felinos e uma tartaruga têm em comum? Em todo o mundo, mais de 150 mil animais, plantas e fungos estão em risco de extinção devido aos efeitos das atividades humanas. Entre elas, pelo menos 63.183 espécies selvagens estão sob alguma categoria de ameaça na América Latina e no Caribe. Este panorama tem levado cientistas, organizações não governamentais e comunidades a lançar inúmeras iniciativas de sucesso que lutam para salvá-los. A lista da EFE:verde mostra três destes casos. [EFE:verde]
· Animal da Semana ·
O animal da semana é o gato-palheiro-do-pampa!
Conhecido por sua pelagem longa, áspera e com cor de palha, o gato-palheiro-do-pampa é um animal relativamente novo nos estudos científicos. Apenas em 2020 a ciência passou a reconhecer o Leopardus munoai como uma espécie de gato-palheiro. Por isso, o gato-palheiro-do-pampa não aparece na lista vermelha da fauna vulnerável do país; mesmo sendo o felino mais ameaçado do mundo, com apenas 50 indivíduos estimados na natureza.
A principal ameaça à espécie é a perda de habitat, o pampa é alvo da agricultura e, entre 1985 e 2020, perdeu cerca de 21,04% de sua cobertura vegetal. Outro fator que põe o gato-palheiro-do-pampa em risco é o atropelamento, que também é relacionado aos impactos da agricultura, já que os animais passam a viver nas laterais das rodovias.
🎨 Gabriela Güllich (@fenggler)
· Dicas Culturais ·
• Pra ler •
Mudança Climática: o que temos a ver com isso? | Caia Amoroso
Qual a nossa responsabilidade com o clima do mundo? Como nossas atitudes podem estimular as mudanças climáticas que estão impactando a vida de milhões de pessoas em todo o planeta? Essa e outras reflexões fazem parte do livro ‘Mudança climática: o que temos a ver com isso?’, novo lançamento da Moderna.
• Pra ouvir •
A nova escalada do tráfico internacional de animais brasileiros ameaçados | Fauna News
As recentes apreensões de araras-azuis-de-lear e micos-leões-dourados com traficantes internacionais de fauna reascendem a preocupação de estar acontecendo uma nova escalada no comércio ilegal de animais de espécies brasileiras ameaçadas de extinção. Entretanto, o governo federal continua inerte e pouco faz para combater a atuação das quadrilhas especializadas. No quadro “Fala, Professor”, o pesquisador Elidiomar Riberio da Silva conta uma fábula indígena sobre uma ave que recuperou o fogo.
• Pra assistir •
Como as mudanças climáticas afetam a água? | Um Pacto Pelo Clima
Você sabia que as mudanças climáticas estão diretamente ligadas com o ciclo da água? Em seu segundo episódio, de 17 vídeos da série Um Pacto pelo Clima, vamos compreender de que forma a transformação afeta esse recurso tanto pelo excesso quanto pela sua falta, quais são os impactos disso e o que podemos fazer para amenizar o problema.
