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Newsletter O Eco+ | Edição #190, Março/2024

Ovos traficados, impasses em licenças de operação para a Petrobras e o orçamento do ICMBio

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31 de março de 2024

Flagrantes apontam que o tráfico de ovos vem sendo usado para melhorar a genética de aves criadas em cativeiros, “esquentar” animais nascidos desses ovos e testar rotas internacionais de comércio ilegal. Na reportagem de Aldem Bourscheit, a diretora-executiva da Freeland Brasil, Juliana Ferreira, conta que ovos traficados melhoram a genética de aves em cativeiro e geram espécimes “legalizadas”. Animais nascidos em criadouros podem ser vendidos normalmente. “É a mesma maneira de agir”, destaca a especialista sobre os casos de tráfico internacional de ovos. Escutas telefônicas revelaram que até ovos de galinha eram usados para testar a segurança de alfândegas e as rotas mais viáveis para o tráfico.

No Rio de Janeiro, a ausência de solução financeira para a regularização fundiária do Parque Municipal Águas de Guapimirim mantém sob ameaça o maior remanescente contínuo de manguezais do estado. Esses manguezais ocupam 7.877 hectares na APA de Guapi-Mirim e Estação Ecológica (Esec) da Guanabara, administradas pelo ICMBio. A implementação do Parque Águas é uma das principais condicionantes ambientais para o Inea emitir a Licença de Operação (LO) da Unidade de Processamento de Gás Natural (UPGN) no Polo GasLub de Itaboraí (ex-Comperj), mostra a reportagem de José Alberto Gonçalves Pereira. Estudos conduzidos desde 2008 pelo ICMBio revelaram a presença nesta UC de 242 espécies de aves, 167 de peixes, 34 de répteis e 32 espécies de mamíferos, além de constituírem berçários da vida marinha e área de alimentação e abrigo para aves, peixes, crustáceos e moluscos.

Por falar em ICMBio, um levantamento realizado por ((o))eco indica que a Lei Orçamentária Anual de 2024 previu apenas R$ 23 milhões para as ações de fiscalização do Instituto. São menos de R$ 0,13 para fiscalizar cada 10.000 m² de áreas protegidas, aponta a reportagem de Cristiane Prizibiszcki. Um acidente com servidores no Amapá escancara quadro de precariedade. Em situação extrema, além do risco de morte, envolvidos tiveram de engolir o próprio vômito. “Tivemos muita sorte. Mas não é de sorte que quero precisar quando deixo minha família para me dedicar às unidades de conservação”, relatou um servidor presente no acidente.

Boa leitura!

Redação ((o))eco

· Destaques ·

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· Conservação no Mundo ·

Salve a breja. As mudanças climáticas podem ameaçar a qualidade – e a existência da cerveja. O lúpulo, que dá um sabor amargo à bebida, não gosta das condições mais quentes e secas que experimentamos nas últimas décadas e a produção despencou. Cientistas estão trabalhando com a indústria cervejeira para ajudar a salvá-la, na esperança de produzir variedades mais resistentes às alterações climáticas. [BBC]


Cadê o rio que tava aqui? Durante a maior parte dos seus 6 milhões de anos de existência, o Rio Colorado (EUA) correu desde o alto de montanhas, através de florestas e rochas vermelhas, até o extremo norte do Golfo da Califórnia. Sua descida sinuosa esculpiu, entre outras maravilhas, o famoso “Grand Canyon”. Hoje, o Colorado está tão desviado e paralisado por canais e represas que apenas um fio de sua água chega ao mar. Um novo estudo, publicado na revista Communications Earth & Environment, analisa que apenas 19% do rio é consumido pelo ambiente natural – zonas húmidas e zonas ribeirinhas. O resto é levado pelas pessoas, principalmente para cultivar alimentos para o gado. [NPR]

· Dicas Culturais ·

• Pra ler •

Um ecossistema de dados na Amazônia | Open Knowledge

Neste mapeamento, buscou-se compreender como coletivos e organizações atuantes na Amazônia brasileira compõem esse “ecossistema de dados”, com diferentes estratégias e práticas de uso, publicação e geração de dados nas agendas socioambientais — com enfoque em mudanças climáticas, proteção territorial e desigualdades.

OKBR

• Pra ouvir •

O Som das Florestas | Alô, Ciência?

Qual é o som de uma floresta tropical pra você? Se você fechar os olhos agora e se imaginar no meio de uma floresta, quais sons você acha que iria escutar? É provável que sua resposta seja diferente da minha, porque as florestas variam de lugar pra lugar. Além disso, as condições das florestas também variam. Por exemplo, uma floresta saudável ou preservada pode conter seres vivos diferentes de uma floresta sob constante ação humana… e se os seres vivos de um ambiente mudam, os sons do local também mudam!

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• Pra assistir •

Vellozia | Projeto Águas Cerratenses

“Vellozia” é um desenho animado que aborda as aventuras de Vellozia, Ana e Miro para solucionar os desafios causados por mudanças climáticas em sua comunidade. A história se passa no Cerrado, o berço das águas, onde as crianças precisam aprender com a natureza sobre como restaurar o bioma, recuperar nascentes e enfrentar os problemas ambientais.

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