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Carta – Duas Ongs, duas visões

De Miguel OliveiraO Estado do Tapajós - Reg FENAJ 581-DRT-Pa Ilmo. Sr. Manoel Francisco BritoPrezado Senhor,Meu nome foi citado desnecessariamente...

Redação ((o))eco ·
18 de maio de 2006 · 18 anos atrás

De Miguel Oliveira
O Estado do Tapajós – Reg FENAJ 581-DRT-Pa

Ilmo. Sr. Manoel Francisco Brito

Prezado Senhor,

Meu nome foi citado desnecessariamente em matéria que relata, de forma novelesca, o encontro casual ocorrido, na minha presença, entre Ana Cristina Barros e Paulo Adário.

Seu texto no que se refere ao ‘ambiente’ do encontro não passa de ficção. Tanto que já foi desmentido em nota na coluna do próprio site. Estive sim no restaurante Piracatu, mas não para comemorar assinatura de termo de adesão ou divulgação de carta da Cargill. Ao contrário do que você supõe, não sou apenas ‘dono de jornal’. Santareno, sou jornalista profissional há mais de um quarto de século, com muitos anos de cobertura sobre assuntos ambientais.

O jornal O Estado do Tapajós é de minha propriedade em sociedade com milha filha Larissa, que é estudante de jornalismo na Unissinos, em São Leopoldo(RS).

O Estado do Tapajós é um jornal pluralista, que garante a todas as correntes de pensamento o direito à liberdade de expressão. Citado como meu nome foi, dá a impressão de que eu comungo de todas as propostas da TNC ou da Cargill.

Durante a cobertura do termo de adesão entre Sindicato Rural, TNC e produtores rurais, fui informado que a Cargill havia mandado carta à prefeita de Santarém explicando que não compraria mais soja sem certificação ambiental. Tentei obter o conteúdo do documento, mas a prefeita se recusou a revelá-lo.

Ato contínuo, procurei Ana Cristina, a quem conheço desde as discussões sobre o EIA/Rima da Br-163 elaborado pela Ecoplan. Atuei nesses debates como consultor da coordenação do Ministério Público em Santarém.

Pedi a Ana que obtivisse cópia da carta junto ao gerente da Cargill, Antenor Giovaninni. Ela me informou que estava saindo para jantar e me convidou para acompanhá-la.

Após alguns telefonemas de Ana Cristina, a Cargill mandou um funcionário levar a cópia da carta. O rapaz, de nome Fabrício, ficou para jantar. Ele não é diretor da companhia, como você noticiou. De posse da carta, acionei um repórter do jornal para vir buscá-la no restaurante.

Após o repórter se retirar do restaurante, Paulo Adário e seu grupo chegaram ao primeiro andar, onde estávamos sentados. Minutos depois, Ana Cristina levantou-se para cumprimentá-lo. Em retribuição, Adário veio até a nossa mesa falar com ela e fomos apresentados a ele.

Na saída, por volta das 21h30, avistei na mesa de Adário a assessora de imprensa do Greenpeace, Gladys. Fiz um aceno para ela. Ela levantou-se e se dirigiu até mim para cumprimentar-me. Gladys tinha estado comigo no dia anterior cuidando da publicação de um informe publicitário do Greenpeace, através do qual a organização se defendia das acusações injustas que estaria sendo vítima em Santarém atarvés de outros meios de comunicação da cidade.

Para sua informação, O Estado do Tapajós foi recomendado ao Greenpeace por jornalistas renomados do setor ambiental, entre os quais Lúcio Flávio Pinto que, inclusive, mantém coluna permanente no jornal. Na conversa com Gladys, deixei claro que não era nenhum neófito em cobertura de conflitos entre produtores e ambientalistas e que, se não aprovava o modus operandi dos produtores, procedia de igual forma quanto à pirotecnia do Greenpeace. Até porque, como profissional, já havia atuado no Ministério do Meio Ambiente, na função de coordenador de comunicação social durante a gestão do ministro Coutinho Jorge, o que pode ser facilmente atestado por velhos companheiros, como João Paulo Capobianco.

Deixei claro, no entanto, que O Estado do Tapajós daria o mesmo espaço aos dois grupos de atores que permanecem no epicentro desse debate.

Para encerrar, pediria, se possível, que minhas explicações fossem divulgadas para evitar que meu nome seja associado indevidamente a qualquer um dos lados dessa polêmica.

Atenciosamente,

Resposta do autor:

Prezado,

Lamento que o senhor tenha se ofendido com o fato de tê-lo qualificado como dono de jornal. Afinal, além de ser verdade, pelo que diz o seu próprio texto, O Estado do Tapajós é uma publicação “pluralista, que garante a todas as correntes de pensamento o direito à liberdade de expressão”. Não vejo porque o senhor não deveria se orgulhar de ser proprietário de um veículo que tem tão louvável comportamento jornalístico.

Discordo que a descrição do ambiente do encontro feita por mim seja ficção. Discordo também que a reportagem tenha sido desmentida por Ana Cristina Barros, da TNC. Ela me ligou na segunda-feira à noite fazendo apenas um reparo ao texto. Disse que tinha sido dela a iniciativa de quebrar o gêlo e ir cumprimentar Paulo Adario, do Greenpeace. Imediatamente, em nome do bom jornalismo, O Eco publicou a correção.

Também em nome do bom jornalismo, devo reconhecer que, no seu caso específico, meu texto passa a impressão que o senhor está tomando partido na disputa que envolve plantadores de grãos, Cargill, TNC e Greenpeace. Sua carta esclarece aos leitores de O Eco que sua presença no restaurante tinha razões meramente profissionais.

Fico grato pelas suas explicações e pelo tom cordial de sua mensagem. Ela será imediatamente publicada em O Eco.

Atenciosamente,

Manoel Francisco Brito

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