De Beto Mesquita
Prezados,
O texto publicado pelo Marcos Sá Corrêa, assim como o outro ao qual está linkado, da Aline Ribeiro, não especifica se as tais florestas que estão crescendo nestes países e que estão sendo contabilizadas por este “novo” método são com espécies nativas ou se se trata de plantios comerciais homogêneos ou semi-homogêneos.
Não há dúvidas que a ampliação de plantios comerciais para suprimento da demanda de madeira é uma alternativa válida e necessária para o desenvolvimento econômico de uma nação, além de reduzir a pressão sobre os remanescentes florestais nativos. Mas se assim o for, estas “florestas de rico” certamente não são tão ricas assim em termos de biodiversidade.
Por outro lado, me pareceu notória a opinião de Peter Holmgren, chefe do setor de recursos florestais da FAO, citada no artigo da Aline. Segundo ele, o estudo se baseia em dados fornecidos pelos próprios governos, que com raras e honrosas exceções, entre elas o Brasil, não têm fama de saber monitorar, com régua e compasso, o estado de suas florestas. “Será que ouve uma mudança de paradigma”, perguntou ele ao repórter do jornal. “Não dá para afirmar com tanta certeza”.
Por outro lado, o autor não perdeu a oportunidade de mais uma vez questionar a validade do plano de concessões para o aproveitamento sustentável e regulado de algumas Florestas Nacionais na Amazônia, proposta que obviamente desagrada aos escribas d’O Eco. Mas, qual seria a alternativa concreta, viável e factível? Unidades de conservação de proteção integral em 100% do que resta da Floresta Amazônica? Se apostar na capacidade de controle, monitoramento e fiscalização por parte do governo e da sociedade em um cenário com regras, diretrizes e condicionantes claramente definidas (trocando o “não pode” pelo “pode e como pode”) parece ser, para os jornalistas deste veículo, algo inoportuno, incoerente e ilusório, o que seria então deixar tudo como está, apostando apenas no controle e fiscalização estatais?
E no caso do manejo florestal comunitário, para aqueles brasileiros que têm nos produtos florestais madeireiros e não-madeireiros sua única opção de renda, qual seria a solução ideal? Assentá-los como agricultores em outra região? Fornecer-lhes “bolsas famílias” para não tocarem na floresta? Subsidiá-los para implantarem árvores de rápido crescimento e alta produtividade em outras regiões?
Dizem que só erra quem faz. É verdade, e talvez haja mesmo erros na proposta do governo que precisam ser corrigidos. Mas e quanto a quem opina sobre os erros de quem faz, também não estaria sujeito à equívocos?
Grande abraço,
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