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Como são bons aqueles ares

Acabo de chegar de Buenos Aires. Apesar das poucas políticas públicas voltadas ao meio ambiente, a capital argentina tem ruas largas e prédios baixos, o que reduz o tráfego e aumenta a circulação dos ventos. Por Felipe Lobo.

Redação ((o))eco ·
28 de abril de 2009 · 15 anos atrás

O avião partiu na última quarta-feira do Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, no Rio de Janeiro, com destino a Buenos Aires. Do alto, já em terras estrangeiras, foi fácil notar que a capital argentina é basicamente plana, despida de montanhas e vales. Mas isso não atrapalha – a cidade é simplesmente linda. Com cerca de dez milhões de habitantes na região metropolitana, Buenos Aires é o principal ponto cultural, econômico e político do país vizinho, recheada de atrativos tanto para a população local, quanto para turistas.  

A Casa Rosada, residência oficial do governo, é muito mais imponente do que nas fotografias. À sua volta, casas e esculturas me lembraram de todos os guias e livros que olhei sobre a capital antes de embarcar: o Café Tortoni, restaurante de dia e casa de tango à noite; a Catedral San Martín, que mais parece um templo grego com seus pilares de boas-vindas; e o Banco de La Nación, centro financeiro da Argentina.

Para quem gosta de bons livros, a dica é visitar a El Ateneo Gran Splendid, no meio da Santa Fé, principal avenida comercial de Buenos Aires. Fundado em 1919, o prédio que hoje abriga uma das maiores livrarias da América Latina já foi teatro e espaço de shows de Carlos Gardel, maior ícone do tango no mundo. Com a estrutura de camarotes ainda preservada, há espaço para leituras e um café onde antes era o palco. Quem der a sorte de passar um domingo na capital também deve correr para a Feira de San Telmo. Ali, a cultura argentina é retratada em todos os detalhes. Ao longo de uma rua estreita, com cerca de três quilômetros de extensão, há vendas de artesanato, antiguidades, apresentações musicais e uma mostra da culinária local.  

O mais legal de Buenos Aires, no entanto, é andar pelas suas ruas. O povo, sempre simpático, adora dar informações e indicar lugares interessantes. Além disso, para quem vive no Brasil, é um privilégio passar pela Avenida 9 de Julho, por exemplo. Com 120 metros de extensão e inspirada na Champs-Élysées, em Paris, é a mais larga rua do planeta. Nas calçadas, os famosos cafés argentinos são convidativos. Aliás, eles estão por toda parte, o que deixa a cidade ainda mais charmosa. Isso sem falar na arquitetura dos prédios, um mais bem acabado que o outro, todos com clima e aspecto europeus.

Muito embora não seja um exemplo de sustentabilidade, a capital argentina está anos-luz à frente das grandes metrópoles nacionais no quesito de conservação da natureza. Não pela boa ação do governo que, como no Brasil, pouco apresenta de políticas públicas para o tema. Mas, principalmente, em função do plano urbanístico que a fundou. Repleto de ruas e avenidas largas e arborizadas, poucas vezes vê-se engarrafamento no município onde vive o casal Kirchner. Além disso, os prédios, em sua maioria, são baixos, algo que possibilita o tráfego natural dos ventos e auxilia o micro-clima urbano. De Puerto Madero, bairro mais recente e moderno de Buenos Aires, observa-se um trem elétrico que passa de meia em meia hora para levar passageiros a outros cantos. É ali, inclusive, onde está a vista mais bonita da cidade. De pontos negativos, os carros e ônibus muito antigos, que emitem maior quantidade de carbono, e a falta de ciclovias.

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