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As caras do Avistar 2009
Se há quatro anos o Avistar era restrito a ornitólogos e fotógrafos de aves, hoje, definitivamente, não se pode mais dizer o mesmo do encontro. Segundo Guto Carvalho, organizador do evento, este ano o mix de participantes foi grande e enquadrou várias categorias de observadores. Pesquisadores da ornitologia, biólogos que não são ornitólogos, observadores que não são biólogos e aqueles que estão iniciando na observação. “O público acadêmico foi de 25%. A grande parcela, cerca de 40%, foi de observadores não-acadêmicos, ligados ao turismo ou à observação”, disse. Com tal perfil de participantes, o Avistar é bem diferente de um encontro técnico, onde as discussões são focadas em pesquisas e trabalhos acadêmicos. Segundo Mário Conh-Haft, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o evento é uma oportunidade para o pesquisador entrar em contato com aqueles que, de forma direta ou não, contribuem para os trabalhos de academia. “O corpo técnico [de ornitólogos no Brasil] é pequeno e também tem gente que não está cobrindo grandes extensões territoriais. Certamente o número de birdwatchers é maior do que o de pesquisadores, por isso a participação de leigos é importante, porque eles podem gerar registros, facilitados pelo uso da tecnologia. O observador pode gravar, fotografar a ave, e estes dados são avaliáveis como registros. Assim, a observação cria uma exército de leigos contribuindo para a pesquisa e levantamento da distribuição de aves no país”, disse. Do outro lado, observadores não-pesquisadores se beneficiam com informações que dificilmente teriam de outra forma. “As palestras são acessíveis e a iniciativa indispensável para os interessados”, diz Thaís Borges, professora de música e observadora há quatro anos. Segundo ela, as palestras poderiam até ser mais aprofundadas, com mais tempo para discussão. “Acho que houve um excesso de assunto em palestras curtas. Gostaria que tivéssemos mais tempo, que os palestrantes tivessem uma atitude menos preocupada com o tempo.” Além da troca de experiências e informações, o Avistar, segundo o pesquisador do Inpa, é uma chance que ornitólogos têm de travar um contato diferenciado com seu objeto de estudo. “Não precisa ser cientista pra apreciar aves e nem todo cientista se interessa por elas, ou se permite, explorar este lado. Para mim, a oportunidade de me envolver em atividades não somente cientificas em relacão a aves foi otimista. É bom lembrar porque a gente estuda o que estuda”, arrematou.