Iniciado em dezembro último e com duração prevista de quatro anos, o projeto “Impacto das mudanças climáticas sobre a incidência de descargas atmosféricas no Brasil” tem apoio da Fapesp e se debruçará sobre o tema incomum de descobrir sobre como as mudanças do clima estão afetando a incidência de raios no Brasil. Motivos não faltam. Na última década, estima-se que o país tenha recebido 57 milhões de descargas, provocando 1.321 mortes de pessoas.
Os números recolhidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) posicionam o Brasil no topo da lista mundial de ocorrência de descargas elétricas. E o fenômeno natural está aumentando, devido às alterações na temperatura do planeta. Pesquisadores levantam a hipótese de que cada grau a mais na temperatura global pode elevar de 10% a 20% a incidência de raios. O estudo contará com três fontes principais de informação: a Rede Integrada Nacional de Detecção de Descargas Atmosféricas (Rindat); satélites; e registros em dias de tempestade. Os primeiros dados vêm de 1780, na cidade do Rio de Janeiro.
“Apesar da longa cobertura, os registros não são constantes e apresentam várias lacunas ao longo desses mais de dois séculos de registros. Alguns trabalhos de monitoramento foram simplesmente abandonados após alguns anos, porque não se imaginava que o clima mudaria”, disse Osmar Pinto Júnior, coordenador da pesquisa, cujos resultados serão analisados e interpretados em parceria com a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) e Universidade do Arizona.
Uma relação já apontada pelo time brasileiro foi que os anos em que ocorreram mais mortes por raios no país, 2001 e 2008, coincidiram com o fenômeno do resfriamento das águas do Pacífico, conhecido como La Niña. Mais informações na Agência Fapesp.
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Raios fatais
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