A Chevron declarou que o vazamento no campo Frade, na bacia de Campos, divulgado na última quinta-feira (10/11), está na faixa de 330 barris por dia e se espalhou por uma área de 163 km quadrados. Esses dados são contestados por John Amos, diretor do site SkyTruth, especializado na interpretação de fotos de satélite para fins ambientais. A partir de uma imagem da NASA, ele concluiu que a mancha toma uma área de 2.379 km quadrados (14,5 vezes o declarado pela Chevron) e que o total derramado pode chegar a 3.738 barris por dia, cerca de dez vezes mais do que o declarado pela Chevron.
A expectativa de que o vazamento pode ser pior do que havia sido divulgado no início fez as ações da empresa — que usa a marca Texaco nos EUA — caírem 3% na bolsa de Nova York.
Segundo a Chevron, a causa do acidente é uma falha na superfície do fundo do mar, localizada próxima ao Campo Frade. O vazamento fica a 370 quilômetros a Nordeste da costa do Rio de Janeiro, em lâmina d’água de cerca de 1.200 metros”, a 120 quilômetros de Campos.
O Greenpeace lembra que a plataforma SEDOC 706 que perfura três poços da Chevron é da mesma empresa que estava a serviço da BP no Golfo do México, no pior vazamento de petróleo da história da exploração em alto mar. Leandra Gonçalves, da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace, questiona:“A causa ainda é desconhecida. A Chevron declara que o vazamento é resultado de uma falha natural na superfície do fundo do mar, e não no poço de produção no campo de Frade. Mas essa falha natural não aparecia no Estudo de Impacto Ambiental (EIA). O que aconteceu em Frade para a ‘falha natural’ começar a jorrar petróleo? Onde está o EIA de Frade, para que a população possa acessá-lo?”
As informações contraditórias também levaram o delegado de Meio Ambiente da Polícia Federal do Rio, Fábio Sciliar, a abrir um inquérito para apurar as responsabilidades sobre o vazamento. O delegado vê desencontros nos dados obtidos em conversas com profissionais das plataformas de petróleo com os dados oficiais divulgados pela Chevron. Ele quer apurar, também, a extensão da fenda por onde o óleo vaza, estimada em 280 a 300 metros.
A Agência Nacional de Petróleo disse que, desde às 12h30 de hoje, 16 de novembro, foi colocado um tampão de cimento cuja secagem é estimada em 20 horas. “Imagens do ROV (veículo de operação remota), cedidas pela Chevron, indicam redução do vazamento em relação ao dia 11/11, quando era estimado pela concessionária em 220 a 330 barris por dia”.
Embora a Petrobrás seja dona de 30% da produção, a ANP atribui a responsabilidade pelo poço e pela contenção do vazamento à Chevron. Dezoito navios estão participando dos trabalhos de contenção do vazamento, oito da própria Chevron e dez cedidos pelas empresas Petrobras, Statoil, BP, Repsol e Shell, que também operam na Bacia de Campos.
O cara-suja, que um dia foi considerado um caso quase perdido, hoje inspira a corrida por um futuro mais promissor também para outras espécies ameaçadas →