Nesta segunda-feira (08), na Índia, começou a 11ª conferência das partes da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), com o desafio de fazer os países colocarem a mão no bolso e financiar as metas assumidas há dois anos em Nagoya. Para conter a perda da biodiversidade, os países reunidos em 2010 na 10ª COP da CDB, no Japão, concordaram com as chamadas “Metas de Aichi”, 20 metas para conter a perda da biodiversidade até 2020. Este ano, as discussões iniciadas nesta segunda-feira são sobre como financiar e implementar tais metas.
Os debates lembram um pouco a Rio+20, sobre as dificuldades de traçar metas financeiras quando a grande maioria dos países ricos — leia-se: Europa e Estados Unidos — estão em crise.
Esse é o entrave comum nas negociações diplomáticas. Simplificando, o embate lembra o que aconteceu na Rio+20: os países pobres defendem que as economias mais desenvolvidas contribuam financeiramente para a conservação da biodiversidade. Os países ricos resistem por causa da crise. Além do impasse financeiro, fazer os acordos saírem do papel e virarem realidade também passa pela questão da vontade política.
Segundo levantamento feito pela ONG WWF, apenas 14 dos 193 países signatários da Convenção da Diversidade Biológica (CDB) fizeram algo de concreto para implementar as metas de Aichi. “A grande maioria dos países ainda precisa definir metas nacionais para 2020 e atualizar suas estratégias e planos de ação, inclusive identificando os recursos necessários para sua implementação, além de ratificar o Protocolo de Nagoya, e estabelecer os instrumentos necessários para sua operacionalização nas esferas nacionais”, afirma em nota a ONG.
Em 2010, os países concordaram em aumentar de 10% para 17% as áreas protegidas terrestres e 10% as áreas protegidas marinhas, que hoje detêm menos de 1,6% de proteção mundial, segundo cálculo da WWF. A ampliação das áreas protegidas é uma das formas de se conter a perda da biodiversidade no mundo.
“O que foi acordado em Nagoya realmente tem o poder de travar a perda dramática da biodiversidade em todo o mundo e resolver os principais impulsionadores da destruição […] Mas agora os governos devem provar que Nagoya não era apenas uma plataforma de promessas vazias. Eles precisam começar a tomar medidas reais e implementar as metas e compromissos acordados”, afirmou Lasse Gustavsson, diretor-executivo de Conservação do WWF Internacional.
O encontro que começou nesta segunda-feira na cidade de Hyderabad, na Índia, vai até o dia 19 de outubro, sexta-feira da próxima semana.
Leia também
Número de portos no Tapajós dobrou em 10 anos sob suspeitas de irregularidades no licenciamento
Estudo realizado pela organização Terra de Direitos revela que, dos 27 portos em operação no Tapajós, apenas cinco possuem a documentação completa do processo de licenciamento ambiental. →
Protocolo estabelece compromissos para criação de gado no Cerrado
Iniciativa já conta com adesão dos três maiores frigoríficos no Brasil, além de gigantes do varejo como Grupo Pão de Açúcar, Carrefour Brasil e McDonalds →
Com quase 50 dias de atraso, Comissão de Meio Ambiente da Câmara volta a funcionar
Colegiado será presidido pelo deputado Rafael Prudente (MDB-DF), escolhido após longa indefinição do MDB; Comissão de Desenvolvimento Urbano também elege presidente →