Notícias

Megasoma anubis: o besouro rinoceronte

No passado eram guias místicos do pós-vida dos egípicios. Hoje, são bioindicadores de biomas a se conservar. Foto: David Falaschi.

Rafael Ferreira ·
1 de março de 2013 · 13 anos atrás

Um [/i]Megasoma anubis[/i] macho exibe seu chifre. Foto: David Falaschi/Flickr
Um [/i]Megasoma anubis[/i] macho exibe seu chifre. Foto: David Falaschi/Flickr

No Egito Antigo, escaravelhos (outro nome para besouros) eram considerados seres sagrados, guias e protetores dos mortos no caminho para o além. Eram amuletos da vida após a morte e da ressurreição para faraós e para o povo comum. Hoje, seu primo moderno, o brasileiro Megasoma anubis, não goza do mesmo prestígio, vendo seus habitats naturais cada vez mais reduzidos.

Os besouros do gênero Megasoma fazem jus ao nome – megasoma, traduz-se do grego como “corpos largos”. Trata-se de uma das maiores espécies de besouros do planeta, podendo chegar até 13,5 cm de comprimento.

São fortes como os rinocerontes de quem emprestam o nome. Os megasoma podem erguer 850 vezes o próprio peso, o que seria equivalente a um humano carregando 60 toneladas. Os “chifres” (apêndices cefálicos e torácicos) só são encontrados nos machos, que costumam utilizá-los nos combates que travam entre si por privilégios de acasalamento.

O gênero pode ser encontrado do Sul dos Estados Unidos à Argentina. Tem reconhecidas 22 formas, 15 espécies e 7 subespécies.

A espécie Megasoma anubis, uma exclusividade brasileira, está presente no Sudeste e Sul do país e no Estado de Goiás. As larvas deste coleóptero se alimentam de troncos em decomposição, levando até três anos para atingirem o estágio adulto. Quando adultos, alimentam-se da seiva das árvores (que obtém cortando galhos com as tíbias anteriores, cruzadas como tesouras), sucos de frutas e flores. Têm hábitos noturnos e são encontrados durante a estação chuvosa. Ativos principalmente à noite, são atraídos por iluminação artificial.

Nos ambientes que habita, o M. anubis é responsável pela ciclagem de nutrientes, através da degradação de troncos. Está se tornando mais raro, o que indica que deve estar perdendo habitat: as florestas nativas.

Depende de florestas e sua capacidade de dispersão é baixa se comparado a outros insetos. Estas sensibilidades fazem do Megasoma anubis uma espécie exigente, indicada para ser utilizada como bioindicadora de florestas bem preservadas.

Pesquisadores acreditam que o monitoraramento de populações de Megasoma poderia indicar alterações na quantidade de árvores mortas, bem como avaliar o impacto de alterações da iluminação artificial dentro e no entorno de Unidades de Conservação. Isso facilitaria selecionar lâmpadas menos atraentes (e quase sempre fatais) aos insetos.

 

 

 

 

 

Leia também

Salada Verde
18 de dezembro de 2025

Instituto mira na proteção do Cerrado, um dos biomas mais ameaçados do país

Universidades e centros de pesquisa querem integrar ciência e políticas para impulsionar conservação e desenvolvimento

Colunas
18 de dezembro de 2025

#esselivroéobicho

Poucos são os livros informativos que apresentam às crianças – com arte, ciência e estética – a diversidade da #faunabrasileira

Reportagens
18 de dezembro de 2025

Resex do Marajó alia tecnologia à conservação para proteger biodiversidade

Iniciativa da IUCN e empresa chinesa monitora indicadores das mudanças climáticas na Resexmar de Soure, para melhorar adaptação local à crise do clima

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.