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Socó-jararaca: nome peculiar para uma ave peculiar

O homenageado da semana em ((o))eco é um indistinto membro das aves Ciconiiformes: não tem a graça das garças ou a mística das cegonhas.

Redação ((o))eco ·
21 de junho de 2013 · 11 anos atrás

Tigrisoma fasciatum, o Socó-jararaca. Foto: Dick Culbert
Tigrisoma fasciatum, o Socó-jararaca. Foto: Dick Culbert

As aves da ordem Ciconiiforme se caracterizam por habitar preferencialmente zonas costeiras, ou perto de lagos, rios ou estuários, embora também inclua aves terrestres. Características comuns são suas patas longas e sem penas e o pescoço comprido. As patas comumente terminam em quatro dedos, dispostos como três para a frente e um para trás, sem membrana interdigital própria à natação. As asas são grandes e alongadas.

Seus membros mais famosos são as cegonhas, as garças e os íbis. Assim sendo, neste breve artigo dará atenção a outro, não tão conhecido do púbico e da ciência: o Tigrisoma fasciatum.

A espécie se distribui por uma extensa região, que engloba desde as partes centrais do Brasil (MT e GO) até o Sul (RS) e no nordeste da Argentina. Entre nós conhecido pelos nomes de socó-boi-escuro e socó-jararaca (apelido que prevalece no estado do Paraná), habita rios e córregos límpidos de florestas primárias, secundárias e também já foi observado em rios na região de Cerrado do Estado de Goiás.

Trata-se de uma espécie tímida: os socós-jararaca alçam voo assim que notam a presença humana, às vezes emitindo um grito crocitante e seguindo pelo curso do rio, desaparecendo rapidamente, protegidos pela vegetação densa.

Alimenta-se de toda a sorte de pequenos organismos que vivem em ambientes fluviais, preferindo peixes de pequeno porte, mas também insetos e larvas diversos e talvez moluscos, crustáceos, anfíbios e pequenas cobras. Além de tímidos são solitários, pouquíssimo se sabe sobre a sua biologia reprodutiva.

O socó-jararaca atinge entre 61 e 71 cm de altura, caracterizado por uma pela plumagem dorsal escura na qual a cor negra, finamente barrada de branco. O ventre é branco com tons amarronzados nos lados da barriga e uma linha irregular amarronzada que transpassa o centro de seu longo pescoço. A íris é amarela, a região periocular e a base do bico são verde-amareladas muito chamativas e os patas são curtas e verdes. Quando jovens são marrom-acastanhados, com manchas de vários tamanhos e formas dispersos pelo corpo, mas com a região ventral clara, sendo notável a linha branca que percorre todo o pescoço, contrastando com o colorido lateral.

A especificidade de hábitat do Tigrisoma fasciatum faz com que perturbações, mesmo pequenas, causem redução de contingentes populacionais de áreas de ocorrência original por redução de recursos alimentares disponíveis (redução da população de peixes), modificação de estrutura física do hábitat (a poluição dos rios e o represamento para hidrelétricas) e mesmo afugentamento.

Embora seja considerada pela Lista Vermelha da IUCN como Pouco Preocupante pela baixa taxa de queda populacional e a extensa área geográfica, no Brasil, de acordo com o ICMBio, as ameaças mostradas (e outras mais) são suficientes para classificá-la com Em Perigo.

 

 

 

 

 

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