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Caçador se apresenta a polícia e inquérito segue para a Justiça

Acusado de agredir casal de ambientalistas em Santa Catarina prestou depoimento nesta quinta-feira. Odair Gemro negou ter agredido os dois.

Daniele Bragança ·
9 de agosto de 2013 · 11 anos atrás
Caçador caminha em direção do Wigold com a arma apontada. Foto: Wigold B. Schaffer.
Caçador caminha em direção do Wigold com a arma apontada. Foto: Wigold B. Schaffer.

Odair Gemro, o homem acusado de agredir o casal de ambientalistas Wigold Bertoldo Schaffer e Miriam Prochnow em sua propriedade, se apresentou nesta quinta-feira (08) para prestar depoimento na delegacia de Atalanta, em Santa Catarina. O suspeito também entregou sua arma, um rifle calibre 22. Segundo o delegado Paulo César França, como já foram feitos os exames de corpo de delito e perícia no local, o inquérito já está pronto para ser encaminhado ao Ministério Público.

Por ter residência fixa, emprego e nenhum antecedente criminal, Gemro aguardará o julgamento em liberdade. “Ele responderá por caça não autorizada, porte ilegal de arma e lesão corporal”, informou o delegado à nossa reportagem. O suspeito, embora tenha a posse da arma há 3 meses, não tem a permissão para o seu porte.

Durante o depoimento, ele negou a agressão ao casal, disse que não sabia que a área se tratava de uma propriedade privada e que foi surpreendido por Wigold, que o atacou com o objetivo de tirar-lhe a arma. O acusado informou que o casal soltou os cachorros para cima dele e que ele apenas se defendeu. “O suspeito também fez exame de corpo de delito para comprovar a agressão. Os dados foram anexados no processo” disse França.

Na terça-feira, o site da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), onde o casal trabalha, divulgou as fotos feitas por Miriam e Wigold. A matéria de Sílvia Franz Marcuzzo reportava o acontecido e foi republicada aqui em ((o))eco. As fotos mostravam a agressão, mas uma tarja preta protegia a identidade do caçador.

Procurado, o advogado do casal, Odair Luiz Andreani, explicou que a orientação de não divulgar a foto com o rosto do acusado é uma maneira de se preservar de eventuais riscos de uma ação de reparação de danos, já que o acusado ainda não foi julgado e tem, portanto, o direito de ter a imagem preservada. “Ante o fato condenável tanto pela prática ilegal da caça, porte ilegal de arma de fogo e tentativa de homicídio. Optamos por tomar os caminhos para que o acusado seja punido sob a forma da lei, denunciando os fatos às autoridades competentes. As autoridades têm o nome e a foto do responsável e a elas cabe divulgar. Às vitimas cabe exigir que o culpado seja punido na forma da lei”, justificou.

Entenda o caso

No domingo (04/08), Wigold Bertoldo Schaffer, Miriam Prochnow e Gabriela, a filha do casal, saíram para fotografar na mata dentro da propriedade deles, em Atalanta, Santa Catarina. Wigold, que caminhava na frente, foi surpreendido por um caçador. Ele gritou por socorro e tentou retirar o cano da arma, que estava apontado para seu peito. Nesse momento, a arma disparou, atingindo a mão de Wigold. Miriam escutou o tiro e mandou a filha procurar ajuda. Era manhã. Ela se aproximou fotografando a agressão. Foram 20 minutos de negociação, com a arma apontada para os dois. Ela também foi agredida. O casal deu queixa na polícia, fizeram exame de corpo de delito e na quarta-feira, prestaram depoimento junto com a filha.

O inquérito policial vai ser encaminhado para o Ministério Publico, que o analisará e poderá solicitar mais diligencias antes de oferecer a denúncia junto ao juízo. Se acolhida a denúncia, dá se início à ação penal e o autor do delito passa a ser réu.  

 
  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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