Notícias

A destruição do meio ambiente vista do espaço

Veja animações feitas com imagens de satélites dos últimos 40 anos mostrando o desaparecimento de florestas, lagos, mares e geleiras.

Paulo André Vieira ·
25 de novembro de 2013 · 11 anos atrás

Segundo o último relatório publicado pelo IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o grau de certeza que as atividades humanas estão impulsionando o aquecimento que o mundo tem experimentado subiu de “muito provável” (90% de confiança) em 2007, para “extremamente provável” (95% de confiança) em 2013. Uma das medidas para evitar os piores cenários para o planeta no futuro é a preservação das florestas, mas recentemente foi anunciado que o desmatamento voltou a subir na Amazônia, chegando ao patamar de 5.843 km² de floresta derrubada, contra 4.571 km² registrado no ano passado. O aumento foi de 28% em relação a 2012.

É a atividade humana que está causando o desaparecimento de mares, lagos, florestas e geleiras ao redor do mundo. O desaparecimento das neves do Kilimanjaro não são apenas uma perda poética ou estética. Trocar floresta por pasto significa colocar milhões de toneladas de carbono na atmosfera e ameaçar seriamente a biodiversidade. Desviar o curso de rios causa o desaparecimento de mares e lagos, trazendo fome e sede para milhões de pessoas.

Nas animações abaixo, feitas com imagens do programa Landsat, é possível ver o meio ambiente sendo literalmente destruído pela ação direta ou indireta do homem. As florestas derrubadas e transformadas em pasto dificilmente voltarão a ser o que eram antes. O desaparecimento de um mar e o processo de desertificação decorrente são praticamente irreversíveis.

Há aqueles que preferem acreditar que tudo isso não passa de um ciclo natural do planeta, e que logo tudo voltará ao normal. Tomara que estejam certos, mas vendo as animações abaixo é impossível não ficar com um frio na barriga e se perguntar se, se estiverem errados, já não será tarde demais para tentar consertar as coisas.

Rondônia

Segundo o INPE, até hoje já foram desmatados mais de 700.000 km2 da Amazônia. Isso equivale à área de 23 Bélgicas, ou 17 Holandas, ou ainda 172.839.500 campos de futebol. Isso significa que 15% da floresta original já não existe mais. Além da grande quantidade de carbono na forma de CO2 liberada para a atmosfera, as perdas na biodiversidade são irreversíveis.

Mar de Aral

Os rios que desaguavam neste que já foi o quarto maior lago do mundo foram desviados pela União Soviética na década de 1960 para irrigar as planícies áridas da região. Em 2007 já havia se reduzido a apenas 10% de seu tamanho original, e em 2010 estava dividido em três porções menores, em avançado processo de desertificação. Embora tenha havido um aumento na porção norte do lago, o sul parece ter secado definitivamente, afetando milhares de pessoas que dependiam da pesca e turismo.

Lago Chade

Na década de 1960 tinha uma área superior a 26 000 km², o que o tornava o quarto maior lago de África. Entre 1960 e 2005 a população da área dobrou e entre 1983 e 1994 a irrigação quadruplicou. A salinidade da bacia norte vem aumentando muito com a entrada de água para o local ficando cada vez menor, o que vem causando a extinção de muitas espécies animais e vegetais, com posterior crescimento da erosão.

Monte Kilimanjaro

Desde 1912 mais de 80% da cobertura de gelo no Kilimanjaro já desapareceu. Entre os anos de 1989 e 2007 houve uma perda anual de 2,5%. No ritmo atual projeta-se que o Kilimanjaro se tornar livre de gelo em algum momento entre 2022 e 2033.

 

Leia também
O impacto das atividades humanas sobre os oceanos
A ameaça da falta de água vista do espaço
As florestas que perdemos nos últimos 30 anos
Um ano de fogo visto do espaço
Quatro décadas de desmatamento
As cicatrizes do planeta vistas do espaço
Três décadas vistas do espaço

 

  • Paulo André Vieira

    Produtor Editorial formado pela UFRJ, atua em ((o))eco desde 2007 escrevendo sobre geojornalismo e cuidando da edição e gestão do site.

Leia também

Notícias
20 de dezembro de 2024

COP da Desertificação avança em financiamento, mas não consegue mecanismo contra secas

Reunião não teve acordo por arcabouço global e vinculante de medidas contra secas; participação de indígenas e financiamento bilionário a 80 países vulneráveis a secas foram aprovados

Reportagens
20 de dezembro de 2024

Refinaria da Petrobras funciona há 40 dias sem licença para operação comercial

Inea diz que usina de processamento de gás natural (UPGN) no antigo Comperj ainda se encontra na fase de pré-operação, diferentemente do que anunciou a empresa

Reportagens
20 de dezembro de 2024

Trilha que percorre os antigos caminhos dos Incas une história, conservação e arqueologia

Com 30 mil km que ligam seis países, a grande Rota dos Incas, ou Qapac Ñan, rememora um passado que ainda está presente na paisagem e cultura local

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.