Manaus, AM — Domingo é dia de pegar na enxada e fazer crescer árvores frutíferas nativas em áreas verdes de Manaus. A iniciativa está inserida no Plano Nacional de Ação para a Conservação do Sauim-de-Coleira. Ao lado do caiarara (Cebus kaapori) e do cuxiú-preto (Chiropotes satanas), que vivem na região entre Pará e Maranhão, o sauim-de-coleira (Saguinus bicolor) integra o grupo dos três primatas amazônicos mais ameaçados de extinção.
O S. bicolor mede quase 30 centímetros de corpo, além de cerca de 40 centímetros de cauda, e pouco mais de meio quilo quando adulto. Ele tem garras bem afiadas, que permite subir e se locomover com facilidade nos troncos e galhos de árvores. Na hora de comer, busca frutos e insetos, mas pode se alimentar também de néctar e pequenos vertebrados. É o símbolo da cidade de Manaus, mas tem a infelicidade de viver em uma área restrita, nos municípios de Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara.
É uma das regiões mais urbanizadas da Amazônia, onde a floresta é reduzida ou usada para a agricultura. Devido principalmente à perda de habitat, o sauim-de-coleira é considerado criticamente em perigo pelo Ibama e Em Perigo, pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). De acordo com o Plano de Conservação da espécie, se medidas não forem tomadas para reverter a tendência atual, esse sauim pode desaparecer em algumas décadas.
Os sauins que vivem em remanescentes de floresta dentro da cidade de Manaus estão em uma situação delicada. Embora os estudos ainda não sejam conclusivos, já se sabe que populações restritas a fragmentos menores tendem a desaparecer, vítimas de acidentes urbanos ou isolamento. Em uma palestra organizada pelo Museu da Amazônia, o biólogo Marcelo Gordo, da Universidade Federal do Amazonas, falou sobre a situação dos sauins. Na área urbana, segundo Gordo, as populações da espécie estão sob um risco maior. Esses fragmentos já estão sob uma pressão muito grande, com a exploração de frutos ou madeira e caça, além disso, as populações que vivem neles são geralmente pequenas. Por isso, a perda de um indivíduo, atropelado, caçado ou por ataque de animais domésticos, por exemplo, pode ter um impacto muito grande. Além disso, o isolamento leva a cruzamentos consanguíneos, o que pode causar problemas no futuro.
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O reflorestamento é uma das estratégias mais importantes do Plano de Conservação do Sauim-de-Coleira. Este ano, já foram realizados três plantios, com um total de 1.700 mudas plantadas, dentro da cidade de Manaus. As áreas escolhidas fazem a conexão de fragmentos florestais onde são encontrados sauins-de-coleira e o Corredor Ecológico Urbano do Igarapé do Mindu, que se estende ao longo de 7 quilômetros do rio e inclui áreas particulares e os 42 hectares do Parque Municipal do Mindu.
“A ideia é estender as áreas verdes até o Corredor Ecológico do Mindu, com espécies que podem favorecer os sauins”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia, Wilson Spironello, que acompanha as reuniões do grupo. As árvores não vão resolver o problema, mas o plantio é importante também para sensibilizar a população sobre a importância de proteger os sauins e as áreas verdes.
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