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Copa do Mundo das áreas protegidas: Bósnia e Herzegovina

Traumatizados pela guerra separatista, os plavo-žuti são promissores assim como sua seleção quando o assunto é conservação.

Daniele Bragança ·
21 de junho de 2014 · 11 anos atrás

Vinte e dois anos de dor, feridas e cicatrizes. As guerras separatistas nos Balcãs tiveram seu ápice de horror na República da Bósnia e Herzegovina, país que sofreu uma violenta guerra civil tendo, que envolveu o cerco de sua capital, Sarajevo, e o Massacre de Srebrenica, onde mais de 8 mil bósnios muçulmanos foram mortos.

A Bósnia e Herzegovina, jovem país que há 22 anos se tornou independente da antiga Iugoslávia, ainda convive com as faces da guerra, mas sua população se sente mais unida e com motivos para sorrir com a primeira participação de sua seleção na Copa do Mundo da FIFA. Basta uma busca no Twitter para se deparar com frases como: “Se as pessoas soubessem o quão grande é o feito da Bósnia ir (para a Copa) no Brasil, 20 anos após o massacre de Srebrenica, nós conseguimos!” e “Tão orgulhoso da Bósnia. 20 anos atrás os bósnios estavam à beira de extermínio, e agora estão na Copa do Mundo. Longo, difícil e triste jornada…”. O orgulho nacional em participar do evento até parece deixar em segundo plano as chances do país no certame.

No Grupo F, com Argentina, Nigéria e Irã, a Bósnia e Herzegovina é a principal candidata a segunda vaga. Se não teve no passado grandes jogadores na seleção iugoslava, hoje a Bósnia conta com jogadores consagrados no cenário europeu, como Edin Džeko, atacante do Manchester City (atual campeão inglês), Emir Spahić (Bayer Leverkusen), Miralem Pjanić (Roma) e Vedad Ibišević (VfB Stuttgart). Apesar disso, não tem muitas chances de avançar às quartas de final, já que pode enfrentar nas oitavas as seleções da França ou Suíça, que jogam um futebol superior.

Se já fez um gol em seu primeiro mundial (e contra a bicampeã e uma das favoritas ao título, a Argentina), na Copa das Áreas Protegidas, a Bósnia e Herzegovina já marcou alguns tentos, já que conta com 3 parques nacionais e 1 área de gestão de espécies.

As quatro áreas juntas somam 30.731 hectares e não chegam a 1% do território do país, de 5.119.700 hectares. Mas a fragilidade do país na Copa das Áreas protegidas é apenas aparente: metade do país é coberta por florestas, mesmo que sem o status de áreas protegidas.

A herança bélica de anos de ocupação transformou a área verde da Bósnia e Herzegovina em área protegida efetiva, já que minas terrestres enterradas ao longo dos conflitos estão também localizadas nas florestas e, absurdamente, não são prioritárias nos planos de desminagem do país. Essa é a história contada por Pedro da Cunha e Menezes em 2010.

O Parque Nacional Sutjeska, criado em 1965, é o mais antigo parque nacional na Bósnia e Herzegovina, local onde se encontra as duas últimas florestas primárias na Europa, chamado Perucica (um golaço). A cachoeira Skakavac, de 75 metros de altura, pode ser vista de um mirante, embora seja ofuscada pela densa cobertura florestal que cobre o vale. É neste parque onde se localiza a montanha Maglić (2.386 m), que é o pico mais alto do país, considerada uma escalada desafiadora para alpinistas experientes. Avistamentos de ursos e lobos nas montanhas são comuns.

O lugar é famoso por ter sido palco de vitória sobre as forças de ocupação alemãs na Segunda Guerra Mundial e há vários monumentos de pedra comemorando o evento. O parque abrange uma área de 17. 250 hectares.

Já o Parque Nacional Kozara protege os valores históricos e culturais da montanha Kozara. Foi criado em 1967, com 3.520 hectares. Repleto de densas florestas e prados ondulantes, Kozara é um local popular para a caça. Uma área de 180 quilômetros quadrados abertos serve de palco para a caça regulamentada de faisões, raposas, javalis, lebres e patos. Uma outra pequena parte do parque é dedicado a atividades de caminhadas e mountain bike, onde não é permitido a caça.

O terceiro parque nacional do país ainda está na segunda infância, criado há apenas 6 anos: o Parque Nacional do Rio Una, com 19.800 hectares. O parque foi criado para proteger o rio Una e a bacia onde está inserido. O parque também protege riquezas históricas, como a fortaleza romana Milančeva Kula, o mosteiro Rmanj e a fortaleza medieval Ostrovica.

Além dos 3 parques, o país possui uma área de gestão de espécies, o Parque Natural Hutovo Blato, uma reserva natural de pássaros que abrange uma área de 7.411 hectares e é uma das mais ricas reservas de zonas úmidas da Europa (Sítio Ramsar). É composta principalmente de áreas pantanosas que foram criadas por um sistema de aqüíferos subterrâneos. A reserva está na lista de zonas úmidas de importância internacional. Existem mais de 240 espécies de pássaros, dezenas delas migratórias, que têm a sua residência permanente em zonas úmidas sub-mediterrânicas ao redor do lago Deransko. No época das migrações, milhares de aves enchem o lago e seus arredores.

Veja abaixo algumas das figurinhas carimbadas das áreas protegidas da Bósnia e Herzegovina.

Parque Natural Hutovo Blato
Parque Natural Hutovo Blato

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  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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