Em 8 minutos de discurso, Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), que começou hoje (23), em Nova York a presidente Dilma Rousseff apresentou os dados de queda do desmatamento nos últimos 10 anos, de quase 80%, ressaltou o caráter sustentável da agricultura brasileira e terminou afirmando que o Brasil é um exemplo de país que cresce com respeito ao meio ambiente.
“O Brasil não anuncia promessas, mostra resultados”, disse Dilma na sua fala. Ela usou os dados brutos de desmatamento de 2004 para cá, sem mencionar o aumento de 29% no ano passado e nas projeções de aumento para este ano.
Na parte mais contundente do discurso, retomou o argumento habitual usado pelo Brasil nas Conferências de meio ambiente de defender o direito dos países pobres se desenvolverem, mesmo que a custas do meio ambiente:
“Historicamente, os países desenvolvidos alcançaram nível de bem estar de suas sociedades graças a um modelo de desenvolvimento baseado em emissões de gases danosos ao clima, ceifando florestas e utilizando práticas nocivas ao meio ambiente. Nós não queríamos repetir esse modelo, mas não renunciaremos ao imperativo de reduzir as desigualdades e elevar o padrão de vida da nossa gente”
Esse discurso é usado pelo Brasil há pelo menos 20 anos e trás como mote a ideia das responsabilidades comuns, porém diferenciadas, que afirma que os países ricos precisam pagar uma parte maior por terem sido os primeiros a poluir.
Nada de assinatura
A chefe de estado brasileira ressaltou sua importância na agenda ambiental global, mas deixou claro que o Brasil não pretende assinar ou propor qualquer acordo.
O Brasil não aderiu ao acordo que prevê redução pela metade do desmatamento até 2020 e desmatamento zero até 2030. As autoridades brasileiras disseram que não foram consultadas. Por usa vez, os organizadores da chamada Declaração de Nova York sobre Florestas garantiram que o documento foi enviado ao Brasil em junho, mas que não obtiveram respostas.
Cerca de 120 chefes de estado participam da Cúpula do Clima da ONU, em Nova York. A cúpula já começou esvaziada pela ausência do presidente chinês Xi Jinping. Recentemente, a China ultrapassou os países da União Europeia em emissões de gases causadores do efeito estufa.
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