Notícias

Bolsonarismo chega como principal força política da Amazônia Legal no novo Congresso Nacional

PL é o partido com a maior bancada de estados da Amazônia Legal, com 19 deputados empossados; junto com União e Republicanos, grupo mais fiel ao ex-presidente

Fabio Pontes ·
2 de fevereiro de 2023 · 1 anos atrás

A bancada de deputados federais e senadores da Amazônia Legal empossada essa semana tende a atuar muito mais contrária a medidas de preservação da Floresta Amazônica do que o oposto. O fato de seus berços eleitorais estarem em estados que formam o bioma não os relaciona a uma pauta mais ambientalista ou de defesa dos povos indígenas dentro do Congresso Nacional. 

A nova composição de parlamentares oriunda da Amazônia está muito mais associada aos interesses do agronegócio, ao conservadorismo religioso e, consequentemente, aliada irrestrita do bolsonarismo mais radical. 

Conforme levantamento feito por ((o))eco, dos 91 deputados e deputadas federais eleitos em outubro de 2022, mais da metade é de partidos ligados diretamente ao bolsonarismo. O PL, assim como em todo o país, elegeu a maior bancada na Amazônia Legal: 19 parlamentares. Em seguida está o União Brasil, com 18 deputados, e o MDB, também com 18. O Republicanos, outro forte berço bolsonarista, tem 10 eleitos. 

Apesar de oficialmente integrar o governo Lula ao receber ministérios, o União Brasil ainda tem grande parte de seus parlamentares ligados ao ex-presidente da República. A legenda é resultado da fusão do Democratas com o PSL, que em 2018 foi usado por Bolsonaro para se eleger presidente. 

Exemplo desta lealdade incondicional ao bolsonarismo mais radical é o do agora empossado senador Alan Rick, do Acre. Mesmo sendo do União Brasil, já declarou que fará oposição ao governo Lula. Assim como na Câmara, a maioria dos senadores eleitos pela Amazônia Legal estava no palanque do então presidente candidato à reeleição.

Cerimônia de posse dos novos senadores. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Dos nove concorrentes vitoriosos, cinco estão alinhados diretamente com a corrente política do ex-presidente Jair Bolsonaro. O União Brasil elegeu a maior bancada, com três senadores na região, seguido pelo PL, com dois. No começo de outubro, ((o))eco já mostrava que o resultado da votação para o Senado representava a grande força do bolsonarismo dentro da Amazônia Legal.   

A composição da Câmara dos Deputados, a reeleição dos governadores bolsonaristas, mais a votação expressiva de candidato derrotado à Presidência também sinalizam a força política deste campo ideológico mais ligado à extrema direita. A maioria dos eleitos apresenta uma pauta conservadora de valores (muitos ligados a igrejas evangélicas) e de defesa do agronegócio como indutor do desenvolvimento local. 

Levantamento feito por ((o))eco, em setembro, mostrou que a maioria dos parlamentares eleitos pelos moradores da Amazônia Legal votava favorável às pautas-bombas para o meio ambiente e os direitos dos povos indígenas. Da antiga legislatura, PL, Republicanos, mais o MDB, se configuram como os principais partidos cujos deputados apoiam ou apresentam projetos que fragilizam as leis ambientais. 

Dos novos deputados federais empossados, apenas três são do partido do presidente Lula, o PT. A legenda só conquistou cadeiras na Câmara pelo Maranhão e o Pará. Da Amazônia Legal, a esquerda ainda elegeu seis deputados pelo PDT (4), PSB (1) e PCdoB (1). 

As demais cadeiras (82) estão todas ocupadas por partidos de direita ou centro. 

Veja como fica a nova composição da bancada da Amazônia Legal na Câmara dos Deputados: 

Arte Gabriela Güllich.
  • Fabio Pontes

    Fabio Pontes é jornalista com atuação na Amazônia, especializado nas coberturas das questões que envolvem o bioma desde 2010.

Leia também

Reportagens
5 de setembro de 2022

Mais de 50% dos parlamentares da Amazônia Legal são de legendas que votam contra o meio ambiente

O Partido Liberal (PL) tem a segunda maior bancada da Amazônia Legal, com 13 parlamentares, ficando atrás do MDB, com 14 deputados

Notícias
5 de outubro de 2022

Maioria dos senadores eleitos na Amazônia Legal é aliada ao bolsonarismo

Dos nove vitoriosos, 6 já estão no Congresso; 3 se posicionam favoráveis à agenda anti-ambiental. Dos 3 sem mandato, 2 são do PL de Bolsonaro

Reportagens
26 de abril de 2024

Número de portos no Tapajós dobrou em 10 anos sob suspeitas de irregularidades no licenciamento

Estudo realizado pela organização Terra de Direitos revela que, dos 27 portos em operação no Tapajós, apenas cinco possuem a documentação completa do processo de licenciamento ambiental.

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.