Após um ano da tragédia de Brumadinho, a água do rio Paraopeba continua sem condições de consumo, segundo análise que consta no relatório Observando os Rios – O retrato da qualidade da água na bacia do rio Paraopeba após o rompimento da barragem Córrego do Feijão – Minas Gerais, lançado pela Fundação SOS Mata Atlântica nesta quinta-feira (23).
Na expedição realizada entre os dias 8 e 17 de janeiro, a equipe percorreu aproximadamente 2.000 km por estradas, passando por 21 cidades, para analisar a qualidade da água em 356 km do rio afetado pelo rompimento da barragem da empresa Vale entre Brumadinho e Felixlândia e dos 23 pontos examinados, nenhum apresentou qualidade boa ou ótima e os indicadores obtidos apontam que a água ainda não pode ser utilizada em toda a extensão monitorada. Em nove pontos, os níveis analisados foram considerados péssimos, em 11 apresentaram o resultado da água como ruim e apenas um foi avaliado como regular.
No dia 25 de janeiro de 2019, 14 toneladas de lama de rejeitos foram liberados com o rompimento da barragem operada pela mineradora Vale, deixando 259 mortos e um rastro de destruição pelo caminho. Ainda há 11 pessoas desaparecidas.
Rio continua poluído
A situação não difere de quando a equipe da Fundação SOS Mata Atlântica percorreu, em fevereiro de 2019, um mês depois da tragédia. Na época, foram 21 municípios percorridos e os técnicos analisaram a qualidade da água em 305 quilômetros do rio Paraopeba, desde o Córrego do Feijão, em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, até a Usina de Retiro Baixo, em Felixlândia. Na época, dos 22 pontos analisados, 10 apresentaram resultado da água como ruim e 12 péssimo.
Foram encontrados nas águas avaliadas, metais pesados como ferro, manganês, cobre e cromo em níveis muito acima dos limites máximos da legislação. “Os metais pesados e outros contaminantes encontrados no rio Paraopeba são nocivos à saúde humana, dos animais e plantas. Por isso, o rio ainda se encontra isolado e suas águas ainda não podem ser utilizadas”, afirma Marta Marcondes, professora e coordenadora do Laboratório de Análise Ambiental do Projeto Índice de Poluentes Hídricos (IPH), Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS).
Além das condições precárias da água ao longo do Paraopeba, a Fundação SOS Mata Atlântica atenta para as condições culturais, sociais e econômicas das comunidades atingidas direta e indiretamente pela tragédia. “Os valores imateriais associados à vida alterada dessas comunidades na bacia hidrográfica precisam ser mensurados e ressarcidos. A relação das pessoas com o seu lugar de origem e especialmente com o rio não estão sendo considerados”, afirma Marcelo Naufal, advogado e monitor do projeto Observando os Rios da Fundação SOS Mata Atlântica.
No dia 25 de janeiro fará um ano em que houve o rompimento da barragem B1 da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais, pertencente à mineradora Vale. Até o momento são 259 mortos e 11 pessoas desaparecidas.
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Muito importante este trabalho da SOS Mata Atlântica! Seria muito oportuno se houvesse condições de fazer um comparativo com dados de referência, antes do desastre, pois a qualidade do rio já não era adequada e dai sim teríamos mais dados para avaliar o impacto do desatre. Fica uma sugestão para buscar os dados de background.