O Rio Araguaia flui por aproximadamente 2.100 km desde a Serra do Caiapó, próxima ao Parque Nacional das Emas, em Goiás, depois avança por entre os estados do Mato Grosso, Tocantins e Pará até desaguar no Rio Tocantins. Esse, por sua vez, é conectado à Baía do Marajó, próxima à capital paraense.
Frente de desenvolvimento econômico convencional, a bacia do Araguaia é uma das regiões mais devastadas do Cerrado nos últimos anos, mostra um sistema de alerta para desmatamentos mantido por Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), MapBiomas e Universidade Federal de Goiás (UFG).
A eliminação da vegetação natural para ampliar as lavouras de soja e de outros itens exportados e consumidos no país compromete não só a quantidade de água, inclusive para o agronegócio, como também aumenta a poluição dos rios por agrotóxicos.
Dito e feito, cientistas publicaram um estudo na revista Environmental Advances mostrando que as porções média e alta do Rio Araguaia têm níveis de atrazina, carbendazim, cianazina, imidacloprida, 2,4-D, clomazone, clorpirifós etil e imazalil acima dos aceitos na União Europeia.
“Ficou evidente que a maioria das sub-bacias tinha concentrações de pesticidas na água que excediam os níveis de segurança para consumo humano”, destaca o trabalho, de pesquisadores das universidades Federal e Estadual de Mato Grosso, Federal de Goiás e Federal de Santa Maria (RS).
O Brasil tolera taxas bem maiores desses herbicidas, fungicidas e inseticidas em fontes de água potável, definidas em resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Ano passado e baseada em dados do Ministério da Saúde, a Repórter Brasil encontrou 27 agrotóxicos na água usada pela população de 210 municípios brasileiros.
Mas além das pessoas, a biodiversidade também pode pagar um alto preço pelo uso galopante de venenos agrícolas no país. “Os pesticidas amostrados foram associados a anomalias no desenvolvimento ontogenético, doenças e mortalidade de organismos”, ressalta o estudo.
Um levantamento da FAO, sigla em Inglês da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, baseado em dados de 2021, mostrou que o Brasil já usa uma quantidade maior de agrotóxicos do que as dos Estados Unidos e da China somadas, noticiou o site Brasil de Fato.
Naquele ano, lavouras brasileiras receberam 719,5 mil toneladas de venenos. No mesmo período, a China, que tem sete vezes mais habitantes que o Brasil, aplicou 244 mil toneladas, enquanto os Estados Unidos usaram 457 mil toneladas. Juntos, os dois países despejaram 701 mil toneladas de agrotóxicos, ou 97,5% do usado pelo Brasil.
Para reduzir os danos causados por agrotóxicos à biodiversidade e aos brasileiros, os pesquisadores sugerem no artigo na Environmental Advances revisar para baixo os limites aceitos desses venenos na água potável e melhorar o monitoramento da contaminação nas bacias hidrográficas nacionais.
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A cada dia mais não temos mais certeza do que comemos, muito agrotoxico usado de forma indiscriminada e sem fiscalização.
O agro é pop!!!
A notícia é tantas vezes repetida de formas diferentes e indicando sempre o mesmo problema: o Brasil usa mais agrotóxicos e de forma indiscriminada além, de usar produtos proibidos até mesmo em seus países de origem. O Congresso Nacional é uma instituição necessária que atualmente tem uma maioria de legisladores desnecessários e preocupados apenas com sigo mesmo. O Brasil sempre teve a péssima condução de seu território voltado para atender o agronegócio, desde de a cana-de-açúcar, a borracha, o café… antes mesmo de ser uma república os governos e governantes se submeteram aos negócios da agricultura extensiva. Atualmente com mais tecnologia e poder financeiro, o setor pressiona o Estado que se submete e gasta dinheiro público com financiamentos que não voltam para a nação. A devastação das florestas, o mal uso da terra, poluição das águas, do ar… e o desprezo ao meio ambiente e a biodiversidade, são a marca desse setor em troca de exportar, o setor tornou-se uma doença para o país e as futuras gerações.
bom chamar a atenção para isso Aldem Bourscheit novamente, precisamos não deixar o assunto ser esquecido ou nos conformarmos com aquela maldita frase “é assim mesmo!”.