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Cientistas pedem que países europeus e China boicotem soja e carne brasileira

Em artigo, os pesquisadores denunciam a nova alta de desmatamento na Amazônia e pressionam os países a pararem de comprar soja e carne bovina brasileira

Duda Menegassi ·
28 de janeiro de 2022 · 2 anos atrás

Em texto publicado na revista científica internacional Nature na última semana, dois cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) denunciam a alta do desmatamento no Brasil e pressionam para que países europeus e China boicotem as importações de soja e carne bovina do país.

Em um dos trechos do texto, assinado por Lucas Ferrante e Philip Fearnside, ambos do INPA, os pesquisadores insistem que “os países que importam grandes quantidades de soja e carne bovina do Brasil a tomarem medidas para deter essa destruição. Cerca de 9,5% da soja exportada do Brasil e 5,3% de sua carne bovina vão para países europeus, com outros 79% e 52%, respectivamente, indo para a China. Os importadores devem mudar para outros exportadores até que o Brasil elimine o desmatamento causado pela exportação”.

“Há anos, os pecuaristas do estado de Mato Grosso vendem suas pastagens por preços altos para produtores de soja e compram terras baratas mais ao norte para desmatar para a produção de carne bovina”, explicam. 

Um dos autores do texto, o pesquisador Lucas Ferrante, explica a ((o))eco que o desmatamento na Amazônia traz ainda consequências econômicas para o país, como a escassez hídrica, que afeta diretamente tanto a agricultura quanto o bolso dos brasileiros. “Além disso, esse novo ciclo do desmatamento impulsionado tanto pela soja quanto pela pecuária, vem tirando a carne da mesa do trabalhador brasileiro, porque hoje a exportação da carne está atrelada ao preço do dólar. Isso faz com que seja mais vantajoso pros desmatadores, que lucram em dólar, e também para esses pecuaristas que invadem essas terras”, analisa o cientista do INPA.

O artigo destaca ainda a expansão da fronteira do desmatamento para o oeste do estado do Amazonas, seguindo a rodovia BR-319, que liga Manaus a Porto Velho. “O desmatamento no Brasil hoje está ameaçando o último grande bloco de floresta amazônica intacta”, alertam.

Além disso, o aumento do desmatamento vai contra o compromisso do Brasil de mitigar as emissões de carbono, acrescentam os pesquisadores.

Ano de 2021 teve alta de 29% no desmatamento

A Amazônia viveu em 2021 o seu pior ano em uma década, com 10.362 km² de floresta destruída entre janeiro e dezembro – o equivalente a quase sete vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Os dados foram divulgados pelo Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), e revelaram um aumento de 29% na taxa de desmatamento em comparação ao ano anterior – que já havia batido recorde com 8.096 km² de floresta perdidos. 

  • Duda Menegassi

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

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Comentários 2

  1. Henrique diz:

    Esses dois que assinam a matéria, Lucas e philip, são dois vendidos para a comunidade internacional que querem destruir o agronegócios Brasileiro, falam mentiras sobre o solo amazônico que não permite pastagens após derrubadas de árvores, as pastagens são em torno da floresta longe da floresta amazônica propriamente dita, quem não conhece a nossa realidade acreditam nessa mentira de lesa pátria, são criminosos sustentados por dinheiro público (INPA).


  2. Manoel diz:

    Ou seja… os desqualificados nem escondem que a questão é política. Querem ajudar a quebrar o Brasil de qualquer jeito. E o melhor de tudo é apelaram pra China, como se não fossem os maiores poluentes do mundo. Infelizes…