Simone Tebet, pré-candidata à Presidência da República pelo MDB, defendeu nesta segunda-feira (20) o “desmatamento zero” na Amazônia. Para isso, ela prometeu retomar as ações de fiscalização e controle no bioma, por meio do fortalecimento do Ibama e ICMBio, hoje enfraquecidos pelo governo Bolsonaro.
“A Amazônia é nossa, mas isso nos traz uma grande responsabilidade. Eu colocaria todos de volta, com poder, com autonomia para fiscalizar cada árvore que está sendo derrubada na Amazônia […] Desmatamento ilegal tem que ser zero”, disse a pré-candidata.
A declaração foi dada em entrevista ao podcast O Assunto, comandado pela jornalista Renata Lo Prete.
Quando questionada se as Forças Armadas – que ganharam muito protagonismo nos projetos governamentais de proteção da Amazônia, mas sem apresentar bons resultados – seriam mantidas na função, Tebet não descartou a possibilidade.
Segundo ela, a ideia é incentivar o desenvolvimento do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteira (Sisfron), que une os trabalhos das polícias civis Estadual e Federal, polícias Ambientais e Forças Armadas. “A Amazônia precisa ser ocupada pelo Estado Brasileiro. Eles [Forças Armadas] sempre cuidaram e podem ajudar, é papel constitucional”, disse.
Tebet ainda declarou que pretende cumprir com as metas de redução de emissões de gases estufa previstas no Acordo de Paris, por meio do controle do desmatamento e reflorestamento.
“A gente consegue cumprir essa meta até 2030 colocando os órgãos de fiscalização dentro da Amazônia e impedindo o desmatamento ilegal no Brasil. Não se derruba uma árvore de forma ilegal no Brasil, essa é a prioridade. A segunda é o reflorestamento. Estimular o agro, inclusive, a reflorestar”.
A presidenciável, no entanto, minimizou o papel da agropecuária nas emissões brasileiras de carbono e metano. O setor é responsável por 27% das emissões de gases de efeito estufa do país, atrás somente do desmatamento. Além disso, a pecuária brasileira coloca o Brasil como 5º maior emissor mundial de metano, gás produzido pela fermentação entérica dos animais, que é 20 vezes mais poluente do que o CO2.
“O impacto da agropecuária nas emissões de carbono já está um pouco desmistificado, em relação a essa questão de que não é o grande vilão. Se o gado for alimentado com a ração certa, ele vai emitir menos. Nós vamos investir e estimular que o agronegócio seja carbono zero. […] Vamos trazer o agro para ser parceiro no comércio de créditos de carbono”, declarou.
Simone Tebet ocupa o quinto lugar na corrida pelo Palácio do Planalto, com 2% das intenções de voto, segundo levantamento Datafolha divulgado em março.
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Simone Tebet é pecuarista, mulher e filha de pecuarista, vocês acreditam mesmo que ela vai tentar fazer tudo isto sem nada em troca?
https://www.brasildefato.com.br/2021/01/19/senadora-ruralista-quer-obrigar-uniao-a-indenizar-fazendeiros-por-terras-indigenas
Exatamente! Pra quem quiser saber o quanto ela está alinhada com o desmonte ambiental, o desmonte na máquina estatal e a política anti-indígena é só buscar o histórico,. inclusive com quais pautas e votações ela esteve ligada ao longo de sua atuação política (e econômica). A farsa da pecuária e do agro da devastação e das expropriações vai longe.