Ao longo dos 40 minutos de “O Poema Imperfeito”, o espectador descobre que a destruição da natureza não começou nas últimas décadas nem depois da Revolução Industrial. Ao buscar explicações convincentes para a extinção de animais como o mamute lanoso, o tigre-dente-de-sabre e a preguiça-gigante, extintos há milhares de anos, os cientistas encontraram as digitais dos suspeitos de sempre: humanos. A história é tão velha quanto inédita para a maioria das pessoas. Os próprios cientistas só começaram a se sentir seguros sobre essa descoberta há poucas décadas. E essa é uma das razões pelas quais o filme de Zulmira Coimbra sobre o livro homônimo de Fernando Fernandez prende o espectador. O autor é Ph.D. em Ecologia pela universidade de Durham, na Inglaterra, professor da UFRJ, além de colunista e presidente do Conselho de Administração de ((o))eco. Ele também escreveu “Os mastodontes de barriga cheia e outras histórias”, que reúne crônicas publicadas em ((o))eco.
No último domingo, 25/11, “O poema imperfeito” ganhou o prêmio de melhor Média-metragem do Festival Internacional de Cinema Socioambiental de Nova Friburgo (FriCine 2018). Foi um reconhecimento festejado pela equipe do filme e por Zulmira, sua diretora. Nascida em Portugal, ela é formada em cinema e biologia. Junta as duas formações para exercer, como ela mesma diz, “uma forma de ativismo pela conservação da natureza e pelo bem-estar animal, incluindo os seres humanos”.
Em “Três dedos de prosa” de ((o))eco, ela conta como foi transformar o livro original em um filme de cada vez mais sucesso.
((o))eco: sobre o que é o filme?
“O Poema Imperfeito” é um documentário de 40 minutos baseado no livro homônimo de Fernando Fernandez. Em primeiro lugar, é um filme sobre ecologia humana, ou seja, a forma como a nossa espécie se relaciona com as outras espécies e com os ecossistemas.
É também um conteúdo de divulgação científica que responde a perguntas como “quem somos?” e “de onde viemos?”. Compreender as nossas origens nos faz sentir parte da natureza. E isso nos faz ter mais facilidade em adotar comportamentos que zelam pela sua conservação.
((o))eco: como está sendo recebido pelo público?
Fiquei surpresa por o filme ter alcançado 15 mil visualizações ainda antes de completar 6 meses de publicação no YouTube. Nestes seis meses, já houve 6 exibições públicas comentadas, em que o filme foi bem aplaudido e que proporcionaram conversas interessantes com o público. O documentário está disponível para download gratuito (theimperfectpoem.wixsite.com/movie), de forma a que qualquer pessoa possa organizar uma exibição.
Tenho recebido vários e-mails de educadores ambientais e professores, tanto de graduação como de ensino médio, informando que baixaram o filme para exibi-lo em unidades de conservação, sedes de ONGs, ações de formação da Polícia Ambiental, e em sala de aula, não só no Brasil, mas também em outros países.
((o))eco: no fim de semana, ele foi escolhido como melhor média metragem no festival de Nova Friburgo (FriCine). Como você recebeu a notícia?
Foi muito bom receber o prêmio de Melhor Média-metragem do FriCine. Fazer filmes é trabalhoso, além de ser uma atividade instável em termos de remuneração.
É importante que haja incentivos (não só monetários, mas também de reconhecimento) para a produção deste tipo de conteúdo. O audiovisual é um instrumento eficiente e, portanto, necessário de educação ambiental. O prêmio do FriCine me deu mais motivação para pensar em projetos futuros.
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Como eu não sabia disso? Esse livro é especial para mim e conheci o Fernando Fernandez quando estava na graduação, muito carinho por ele! Incrível! Merecido! O poema imperfeito é imperfeitamente perfeito! <3
Mil felicitaciones al autor y a la cineasta. El libro, ya sabíamos desde hace tiempo, es excelente y, además, es cada día más oportuno en este momento de antropocentrismo exacerbado tanto de derecha como de izquierda. Poder educar en forma atractiva, amena y simple, es un privilegio que pocos tienen. Fernando tiene esa capacidad y debe seguir aprovechándola. Grande abrazo!