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Faturamento anual do garimpo na Amazônia é de mais de R$ 13 milhões, mostra pesquisa

Estudo realizado pelo Instituto Escolhas expõe realidade atual da extração de minérios no bioma amazônico, revelando que atividade garimpeira está longe de sua origem artesanal

Fernanda Soares ·
22 de junho de 2023

O Instituto Escolhas lançou esta semana um estudo que mostra o quanto a realidade do garimpo na Amazônia está muito distante de sua origem artesanal: a atividade, atualmente, requer altos investimentos, mas também possui retorno garantido.

Intitulado “Abrindo o livro caixa do garimpo”, o trabalho usou como exemplo as atividades garimpeiras realizadas na cidade de Itaituba, Pará. Por lá, o recurso que deve ser aplicado na criação de um garimpo de  balsas (garimpo nas águas) é de R$3,3 milhões de reais, enquanto que para o garimpo de baixões (garimpo terrestre), o valor do investimento é de R$1,37 milhão. 

Em retorno, os garimpos de balsa na região faturam cerca de R$1,16 milhão por mês, totalizando R$13.920 milhão de reais anuais. Após os custos, os garimpeiros ficam com R$ 632 mil por mês. Já o garimpo de baixões fatura R$ 930 mil mensalmente, com rendimento líquido de R$ 343 mil.

A pesquisa também mostra que o alto investimento na atividade não foi empecilho para sua expansão: de 2012 a 2021, a área total dos garimpos na Amazônia duplicou, crescendo mais de 80 mil hectares. 

O trabalho chama a atenção para as inúmeras facilidades que a atividade encontra na legislação brasileira, o que acaba por não impedir seu crescimento.

“Os garimpos são empreendimentos com alto investimento e uma renda considerável, mas beneficiados por uma legislação que faz poucas exigências para autorizar as operações e que não atrela ao garimpo a responsabilidade de recuperar as áreas devastadas e contaminadas pelo mercúrio. Aí, reside o interesse em seguir mantendo a aura artesanal do garimpo, que já não é realidade há muito tempo”, alerta Larissa Rodrigues, gerente de portfólio do Escolhas.  

Tais facilidades precisam urgentemente acabar, diz o Instituto, de forma que as consequências geradas pela atividade sejam cobradas de seus responsáveis. Do contrário, as áreas devastadas pela a execução da atividade continuarão a aumentar, gerando ainda mais custos ambientais.

O instituto Escolhas elencou algumas medidas urgentes que precisam ser tomadas para frear o avanço dos garimpos na Amazônia, entre elas, estão: 

  • Passar a exigir dos garimpos trabalhos de pesquisa mineral, com planos de aproveitamento econômico, para estimar os volumes de minério disponíveis na área e a extração ao longo do tempo;
  • Limitar o número de permissões de garimpo a apenas uma por pessoa ou cooperativa, sempre respeitando a área-limite definida em lei;
  • Exigir prova de capacidade financeira dos titulares de permissões de garimpos, para garantir que possam cumprir com as responsabilidades ambientais e sociais;
  • Manter um licenciamento ambiental rígido e centralizado, condizente com o potencial de impactos da atividade, e não a cargo de órgãos ambientais municipais;
  • Exigir e fiscalizar a recuperação das áreas degradadas e as compensações ambientais e sociais;
  • Suspender novas rodadas de disponibilização de áreas para garimpos até que os gargalos na fiscalização e no combate às ilegalidades estejam devidamente corrigidos.
  • Fernanda Soares

    Estudante de jornalismo na Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA)

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Comentários 2

  1. João Pinheiro Filho diz:

    Até parece que a autora do artigo nunca colocou os pés em um garimpo de verdade. Só conhece por teoria(leitura). 1 – • Passar a exigir dos garimpos trabalhos de pesquisa mineral, BRINCADEIRA. Isto não é possível praticamente. CHUTOU. 2º -Limitar o número de permissões de garimpo a apenas uma por pessoa . UTOPIA – Os garimpos ilegai não respeitam leis. Será que a autora do artigo não sabia disso? ,Os outros itens da proposta são tão inexequíveis que nem vou comentar. Saudações..


    1. Ricardo diz:

      Verdade. Melhor proibir geral mesmo!!