Animal silvestre de raro avistamento e ameaçado de extinção, um filhote de gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi) foi encaminhado ao Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, após ter sido encontrado sem a mãe em Rio Brilhante (MS), cidade do interior do estado. O felino foi entregue por uma moradora à uma clínica veterinária do município. De lá, o animal foi recolhido pela Polícia Militar Ambiental (PMA) e encaminhado até a capital sul-mato-grossense.
O filhote foi entregue à clínica no domingo (18). A médica veterinária do estabelecimento foi quem solicitou a PMA para efetuar o encaminhamento do animal ao CRAS. Aos agentes, ela disse que o felino foi entregue por uma moradora. À veterinária, a mulher disse que tinha encontrado o filhote caminhando na calçada de casa, e que possivelmente o gato teria saído de uma área de vegetação nas proximidades. As informações constam em nota divulgada pela instituição policial.
“Infelizmente, o que tem ocorrido muito é as pessoas verem o animal sozinho, devido a mãe ter ido em busca de alimentação, e acabar pegando [o filhote]. O que se recomenda é ficar observando de longe um tempo para ver se a mãe volta. Caso o animal esteja machucado, ou a mãe não volte, aí sim devemos intervir”, disse a ((o))eco Jordana Toqueto, médica veterinária que recebeu o filhotinho no CRAS, em Campo Grande (MS), nesta quarta-feira (21).
Durante avaliação física, foi constatado que o felino trata-se de uma fêmea, com cerca de um mês de idade – a estimativa foi baseada no escore corporal do animal. Não foi detectada nenhuma alteração no filhote. Desde que chegou, o felino tem sido alimentado três vezes ao dia com leite específico. Pedaços de carne também fazem parte da dieta do animal. “Está saudável, ativo e muito esperto. Alimenta-se muito bem e está começando a comer pedaços de carne sozinha”, conta a veterinária, ao mencionar também o instinto do animal, mesmo ainda filhote. “Fica brava na hora do manejo”.
Segundo Toqueto, durante a permanência no CRAS, o filhote deve permanecer em recinto para evitar contato físico, com exceção das ocasiões de alimentação. A transferência para recintos maiores deve ocorrer conforme o avanço do seu crescimento. “Sempre buscando o mínimo de contato possível com com os humanos, para não se acostumar com a nossa presença, para assim que atingir uma certa idade, e a equipe constatar que está apta, ser solta em seu habitat natural”, acrescenta Jordana.
O gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi) está na lista oficial de espécies ameaçadas de extinção no País, na categoria vulnerável. O documento foi publicado, em junho, pelo Ministério do Meio Ambiente no Diário Oficial da União. “São animais de hábitos diurnos, por isso pode ser visto durante o dia, mas por não ser muito abundante é raro de se ver. Quando adulto geralmente andam solitários e, geralmente, a mãe em sua gestação pode ter de um a quatro filhotes”, explica a médica veterinária do CRAS.
Mais sobre o gato-mourisco
O gato-mourisco (Herpailurus yagouaroundi) tem ampla distribuição pelas Américas, ocorrendo desde o México até a região central da Argentina, estando presente em praticamente todo o território brasileiro, porém em baixas densidades populacionais. Encontrados em uma grande variedade de habitats, incluindo florestas tropicais, cerrados, caatinga e áreas pantanosas, ocorrendo em todos os biomas brasileiros. De acordo com o livro “Mamíferos não voadores do Pantanal e entorno”, a fêmea dá à luz de um a quatro filhotes, após uma gestação de 70 a 75 dias. Os filhotes nascem com a barriga malhada. Uma curiosidade deste felino é que existem variações de pelagem, podendo ser encontrados indivíduos de pelagem
cinza e bege. Uma explicação para isso é que espécimes de áreas florestadas tenderiam a ser mais escuros, enquanto que os de área aberta seriam mais claros. No Pantanal, predominam indivíduos de cor cinza. A massa corporal pode variar de 2,6 a 5 kg.
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