O ministro do Meio Ambiente do futuro governo, Ricardo Salles (Novo), disse nesta segunda-feira (10) em entrevista à Rádio CBN São Paulo que não há dados suficientes para que se possa falar sobre desmatamento no Brasil.
Salles afirmou que o primeiro passo para combater o desmatamento é saber onde ele acontece e sob quais condições: “Os dados são muito genéricos, a gente não sabe se o desmatamento tá acontecendo dentro de unidades de conservação, dentro de terras indígenas, em áreas privadas, em percentual maior ou menor que o excedente da reserva legal”. Para o futuro ministro, dar opiniões sobre o desmatamento sem ter estas informações não passa de “achismo”.
Questionado sobre o trabalho de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o ministro afirmou que o instituto “só fornece o percentual geral do desmatamento, mas não tem a qualificação deste desmatamento”. Salles afirma que os dados não mostram se determinada supressão vegetal é ilegal ou se está dentro dos 20% permitidos pelo Código Florestal.
Ao contrário do que afirma o ministro, o Inpe tem sistemas de satélite que identificam com precisão o local onde houve a derrubada da floresta. Além do monitoramento anual, feito pelo Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes) desde 1988, o INPE possui o Deter, sistema de detecção de desmate em tempo real, usado para municiar os fiscais do Ibama e considerado um dos principais responsáveis pela redução das taxas entre 2005 e 2012. Se há desmatamento acima de 25 hectares, o Deter avisa ao Ibama, que pode comprovar em campo como e por que ocorreu o desmatamento.
Ao mesmo tempo, parcerias com centros de pesquisa deram origem a ferramentas que permitem uma visão cada vez mais detalhada da dinâmica do desmatamento no Brasil.
O Imazon, por exemplo, que monitora o desmatamento na Amazônia de forma independente desde 2004, desenvolveu há 10 anos um portal que sistematiza dados de três sistemas de monitoramento (Prodes, Deter e SAD). O ImazonGeo traz informações sobre três temas: Desmatamento, Exploração Madeireira e Queimadas. No tema desmatamento é possível fazer análises sobre ameaça e pressão, risco de desmatamento e classificar as informações por estados, municípios, assentamentos, terras indígenas e unidades de conservação. O sistema é gratuito e aberto a qualquer usuário.
Em abril deste ano, o desmatamento na Floresta Nacional do Jamanxim, no Pará, chamou a atenção dos pesquisadores do Imazon. A área protegida perdeu 1900 hectares 30 dias. ((o))eco escreveu sobre isso.
Em outubro, a Terra Indígena (TI) Cachoeira Seca, no Pará, perdeu 1.800 hectares para a ação de madeireiros e grileiros de terra. Essas e outras histórias só são conhecidas porque os sistemas de monitoramento qualificam, há anos, os dados sobre o desmatamento do maior bioma do país.
Outro site muito conhecido de quem trabalha com desmatamento é o MapBiomas, que mostra o tipo de uso do solo em todos os biomas brasileiros e permite a realização de buscas por unidades territoriais, bacias hidrográficas, unidades de conservação e terras indígenas.
Quanto à identificação do desmatamento que invadiu a área de reserva legal, o Ministério do Meio Ambiente publicou em setembro deste ano um decreto que determina justamente um procedimento para calcular as áreas desmatadas com autorização do órgão ambiental e distingui-las daquelas derrubadas de forma irregular. As informações serão reunidas no Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (Sinaflor).
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Alguém já pesquisou os dados da Embrapa que a NASA confirmou como verdadeira que menos de 10% do Brasil está sendo usado na Agricultura?
Sabe aquela conversinha fiada de quem está liberando a criminalidade ambiental ???
A informação é genérica sim. Mesmo instituições como o INPE fazendo um trabalho detalhado tecnicamente, na hora de divulgar, a imprensa só fala que o desmatamento "aumentou" ou "diminuiu", foi de "tantos km2", mas nunca se dá ao trabalho de esclarecer que nesse montante pode ter supressão legal, autorizada. Mesmo se não tem esse valor discriminado, a mídia podia ao menos dizer que não sabe quanto é irregular e quanto é autorizado!
Sr. MINISTRO: O Governo do Pará desenvolveu um brilhante trabalho de geociências que permitiu identificar com bastante precisao desmatamento no Pará e que pode ser aplicado em toda a Amazônia! É só ter vontade política!
Sr. ministro, mau olhou os dados , as fotos , etc, já começa a achar desculpa para não trabalhar.
Parem de andar na maionese. Entra nos helicopteros do governo e vá até lá e confirme. Foram 24 anos de esquivas para não trabalhar, será mais um do mesmo!.