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Geraldo Alckmin diz que vetará Segunda Sem Carne

Em entrevista ao Canal Rural, o governador de São Paulo afirma que a medida é inconstitucional e representa um excesso da intervenção do Estado

Sabrina Rodrigues ·
3 de janeiro de 2018 · 7 anos atrás
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou em entrevista ao Canal Rural que vetará o Projeto de Lei que proíbe o consumo de qualquer proteína animal e derivados em órgãos públicos do estado. Foto: Governo do Estado de São Paulo/Flickr.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou em entrevista ao Canal Rural que vetará o Projeto de Lei que proíbe o consumo de qualquer proteína animal e derivados em órgãos públicos do estado. Foto: Governo do Estado de São Paulo/Flickr.

 

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin prometeu vetar o Projeto de Lei nº 87/2016, conhecido como “Segunda Sem Carne”, de autoria do deputado estadual Feliciano Filho (PSC-SP). A informação partiu do próprio governador, na terça-feira (2), em entrevista ao programa Mercado & Companhia, do Canal Rural.

Os deputados federais da Assembleia Legislativa de São Paulo aprovaram no dia 27 de dezembro, o Projeto de Lei que proíbe o consumo de qualquer proteína animal e derivados em órgãos públicos do estado, como restaurantes públicos e escolas. Para o autor do PL, o deputado Feliciano Filho, que é vegetariano, o objetivo da lei é chamar a atenção da sociedade sobre as consequências do consumo de carne e de seus derivados, tanta para a saúde quanto para o meio ambiente.

O projeto de Feliciano é inspirado num movimento que existe em mais de 35 países. A campanha Segunda Sem Carne, que começou em São Paulo em 2009, numa parceria da Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) com a Secretaria do Verde e Meio Ambiente (SVMA) da prefeitura, tem como objetivo incentivar as pessoas a descobrir novos sabores e diminuir o consumo de produtos de origem animal pelo menos num dia da semana.

Ao ser aprovada pela assembleia, a medida gerou protestos de representantes dos setores da Agroindústria, que afirmaram que entrariam com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade caso o governador sancionasse.

Em entrevista ao Canal Rural, Geraldo Alckmin afirmou que o Projeto restringe o direito de decisão da população e subestima a capacidade de julgamento e que seria um excesso de intervenção do Estado. “Embora bem intencionado, o projeto é equivocado, pois cerceia o direito das pessoas e desconsidera a capacidade de tomar decisões sobre sua própria alimentação”, disse o governador.

Alckmin afirmou ainda que a lei poderia trazer prejuízo para os alunos porque a substituição de proteína por carboidrato poderá aumentar a obesidade. Além disso, a medida geraria um impacto econômico significativo. “Além do impacto no emprego, são 10 milhões de pessoas direta ou indiretamente que vivem na cadeia produtiva da proteína animal, que é saúde para a população”.

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  • Sabrina Rodrigues

    Repórter especializada na cobertura diária de política ambiental. Escreveu para o site ((o)) eco de 2015 a 2020.

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Comentários 8

  1. Marcos diz:

    De fato esse projeto limita a escolha pelos funcionários públicos. Mas imagino que aqueles que buscam uma alimentação mais saudável, contra doenças crônicas, não possuem opções de alimentação vegetariana balanceada. Taí uma PL boa: o fornecimento em estabelecimentos públicos de uma alimentação sem produtos de origem animal equilibrada como opção a quem desejar.


  2. Daniel Ferrer diz:

    ESQUERDISTA é crer que o Estado seja obrigado a fornecer proteína animal diariamente, oque na realidade só eleva drasticamente os custos do contribuinte, agora se essa PL impusesse restrições a empreendimentos privados, aew sim eu seria radicalmente contra


  3. Christine diz:

    Qualquer dia da semana sem carne deve partir da iniciativa de cada cidadão, e campanhas ajudam a estimular este hábito. Isso não deve ser imposto, realmente. Portanto, concordo com a decisão do Picolé-de-Chuchu, ainda que eu discorde das outras 99,8% decisões, opiniões e atitudes dele.
    Esta discussão é relevante porque estamos numa democracia e muitas leis são aceitas sem que haja um debate envolvendo a sociedade e esclarecendo a razão da proposta de lei.
    É uma pena que a discussão caia na dicotomia esquerda-direita, pois o hábito voluntário de substituir carne por outra refeição em pelo menos 1 dia da semana é questão de alguém no mínimo preocupado com seu planeta. Alguém preocupado com a substituição de florestas por pastagens ou com a forma de criação destes animais é alguém que é um cidadão da Terra e não militante do partido X, Y ou Z.


  4. Mário diz:

    Acredito que nosso país tem coisas mais importantes a serem discutidas!!!! O grande problema é esta meia dúzia de palhaços revolucionários que querem aparecer. Cada deve comer o que quiser quando bem entender


  5. Cláudio Tulio diz:

    Ainda existe um resquício longínquo de bom senso nesse dai.


  6. Carlos Magalhães diz:

    Até que enfim o picolé de chuchu acertou uma.

    Como disse a articulista, movimentos e campanhas para isso ou aquilo vai muito bem; já Lei, que obrigue ou proíba comer alguma coisa…haja!


  7. Everardo diz:

    Eu sou favorável a criar uma lei da Sexta Sem Esquerdista. Eles não poderão sair em público nesse dia.


  8. FR diz:

    É isso mesmo, excesso de intervenção do Estado no livre discernimento das pessoas…bem coisa de PeTralha Mortadeleiro e cia. !!! Aliás, já reparou que todo vegetariano é esquerdinha?