Notícias

Governo nega militarização ambiental, mas mostra efetivo militar na Amazônia

Ao mesmo tempo em que nega que tenha militarizado a área ambiental, o governo destina dez vezes mais recursos para as Forças Armadas combaterem o desmatamento e queimadas do que ao Ibama

Erick Mota · André Phellipe ·
9 de setembro de 2020 · 4 anos atrás
Militares em Porto Velho participam da Operação Verde Brasil. Foto: Exército Brasileiro.

O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu na última terça-feira (8) uma manifestação do Ministério da Defesa que afirma que “não há que se falar em militarização da política ambiental”. O documento foi enviado após a ministra Cármen Lúcia, relatora da ação movida pelo Partido Verde (PV), que questiona o decreto do governo federal que permite a ação das Forças Armadas em terras indígenas, unidades de conservação ambiental e nas fronteiras.

Apesar do argumento apresentado pelos militares, o Ministério da Defesa tem exibido em seu site os números da operação Verde Brasil 2, cuja finalidade é justamente a preservação da Amazônia. É a segunda vez que o governo Bolsonaro instituiu um decreto de Garantia de Leo e Ordem (GLO) ambiental, determinando que os militares ajam para conter o desmatamento e queimada no bioma. Porém, no decreto do ano passado, o ato não especificava que o Ibama e ICMBio atuariam coordenados pelos comandos militares. Isso mudou em 2020. E Mourão, que comanda o Conselho da Amazônia, quer que os militares continuem no atuando na fiscalização ambiental até 2022. 

Devido a esse cenário, o PV argumenta que ocorreu uma “verdadeira militarização da política ambiental brasileira” e que o decreto assinado em maio pelo presidente Bolsonaro “usurpa competências dos órgãos de proteção ambiental”. 

A preferência do governo pelos militares também pode ser vista na área econômica. Do fundo de R$ 1 bilhão que foi criado por acordo com a operação Lava Jato, que deveria ir para o combate ao desmatamento, mais da metade vai direto para as despesas do Ministério da Defesa. O montante supera dez vezes mais o valor direcionado ao Ibama, conforme mostra o The Intercept Brasil.

Dados da ação 

Mesmo negando a militarização do combate ao desmatamento, o Ministério da Defesa relatou os números da operação, afirmando que disponibiliza 2.708 agentes e militares, 63 veículos, 2 navios, 40 embarcações e 8 aeronaves.

 

Leia Também 

Deter fecha ano com alta de 34% no desmatamento na Amazônia

Bolsonaro justifica falha na fiscalização ambiental por causa do “tamanho da Amazônia”

 

 

Leia também

Salada Verde
23 de julho de 2020

Bolsonaro justifica falha na fiscalização ambiental por causa do “tamanho da Amazônia”

Segundo o presidente, a floresta é maior que a Europa (não é), indígenas e caboclos são os responsáveis por colocar fogo na mata (não são) e aprovar projeto de regularização vai inibir queimadas (sem comentários)

Notícias
9 de agosto de 2020

Deter fecha ano com alta de 34% no desmatamento na Amazônia

Alertas de desmatamento registram 9.056 km² desmatados entre agosto de 2019 e julho de 2020. No mesmo período anterior, o Deter registrou 6.844 km² perdidos

Colunas
13 de dezembro de 2024

A divulgação é o remédio

Na década de 1940, a farmacêutica Roche editou as Coleções Artísticas Roche, 210 prospectos com gravuras e textos de divulgação científica que acompanhavam os informes publicitários da marca

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.