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Governo quer criar hidrelétrica e abrir estradas em uma das regiões mais preservadas da Amazônia

A Secretaria-Geral da Presidência estuda um pacote de obras, nos moldes do PAC, para a região da Calha Norte, no Oeste do Pará. Objetivo é aumentar presença do governo na região

Daniele Bragança ·
12 de fevereiro de 2019 · 6 anos atrás
Reserva Biológica do Rio Trombetas, em Oriximiná, PA, vizinha de Cachoeira Porteira, local onde o governo pretende construir uma hidrelétrica. Foto: Marcio Isensee e Sá.

Edificar uma ponte no rio Amazonas, construir uma hidrelétrica em Oriximiná e estender a BR 163 até Suriname estão dentro do pacote que o governo pretende anunciar para a Calha Norte no Pará, uma das regiões mais preservadas da Amazônia brasileira.

O objetivo atende aos interesses dos militares em aumentar a presença humana nessa parte da Amazônia e diminuir o interesse estrangeiro nela. Por trás dessa história, mais uma vez, o governo usa como desculpa o projeto Triplo A, uma ideia de corredor ecológico que ligaria os Andes ao Atlântico, passando pela Amazônia, e que nunca foi discutido oficialmente pelo Brasil.

A reedição do “integrar para não entregar” tem como alvo o oeste do Pará e coincide com críticas do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) contra o encontro de bispos da Igreja Católica, que discute esse ano a Amazônia.

O pacote de medidas incluirá:

  • Uma usina hidrelétrica no rio Trombetas, em Cachoeira Porteira, onde existe uma Terra Quilombola.
  • Uma ponte sobre o rio Amazonas no município de Óbidos, de 1 quilômetro e meio;
  • E estender a BR 163 para a fronteira de Suriname. A estrada já liga Cuiabá a Santarém, onde existe um porto como mesmo nome do município que escoa a produção de soja do centro-oeste para fora do país.

Todas as medidas foram pensadas dentro do Projeto Barão do Rio Branco, dentro do Programa Calha Norte do Ministério da Defesa, que deverá ser oficializado em breve através de uma Medida Provisória. A visita dos ministros a Amazônia tem como objetivo discutir detalhes desse projeto.

A princípio, o pacote seria discutido em viagem dos ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, que desembarcariam na quarta-feira (12) no Pará. Porém, segundo a assessoria de imprensa do ministério do Meio Ambiente, Salles adiou a viagem por conflito de agenda. O ministro se encontrará com produtores no Mato Grosso amanhã (13). Já a assessoria de imprensa da Secretaria-Geral da Presidência confirmou que o ministro dará uma coletiva na sexta-feira (15), em Santarém, no Pará. Não se sabe se o ministro do Meio Ambiente se unirá ao colega na sexta.

Integrar

BR 163, que escoa a produção do centro-oeste para o porto em Santarém, teria o percurso ligando o país ao Suriname.

Em entrevista para a Voz do Brasil há três semanas, o Secretário Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, general Santa Rosa, afirmou que o governo está trabalhando para integrar a Calha Norte.

“Além das demandas naturais do escoamento da soja do centro-oeste, existem outros benefícios que vão advir da implementação desta rodovia, integrando uma área até então desértica”, informou o general.

A Calha Norte do rio Amazonas, no noroeste do Pará, possui o maior bloco de áreas protegidas do Brasil e representa 12% do Escudo das Guianas, uma das formações geológicas mais antigas do planeta Terra, com 4,5 bilhões de anos. Apenas neste pedaço há 23 áreas protegidas e 2 milhões de hectares de floresta tropical.

Ao todo são 11 Unidades de Conservação (UCs) – das quais 7 estaduais e 4 federais, além de 5 Terras Indígenas (TIs) e 7 Territórios Quilombolas.

 

 

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  • Daniele Bragança

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

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Comentários 2

  1. Greta Thunberg diz:

    Vou lá vender motosserra.


  2. ADMARINS GARROS diz: