Depois de toda a repercussão negativa gerada pelas notícias de que teria negado auxílio a um fiscal com sintomas de Covid-19 que atuava em operação de fiscalização no interior do Amazonas, o Ibama se pronunciou com uma nota em que chama essas informações de “fake news”. O texto, divulgado na última sexta-feira (26) explica que o órgão não cedeu o helicóptero para o transporte do servidor, que depois testou positivo para o novo coronavírus, por razões de segurança da tripulação da aeronave e obediência aos critérios para o uso da mesma.
O fiscal ficou em quarentena dentro de um hotel, sem apoio médico, no município de Apuí, onde ocorria a operação, realizada em conjunto com as Forças Armadas no âmbito da Lei de Garantia da Lei e da Ordem (GLO). A nota, assinada pela Diretoria de Proteção Ambiental do Ibama, explica que o órgão disponibiliza acampamento com alojamento, alimentação, segurança, enfermeiro, médico de sobreaviso e ambulância, e que a hospedagem do servidor em hotel, ocorreu “por exclusiva responsabilidade do agente”.
De acordo com a secretária-executiva da Associação Nacional dos Servidores de Meio Ambiente (ASCEMA), Elizabeth Uema, a nota é uma resposta tardia à sociedade. A secretária, que entrou em contato diretamente com o fiscal, confirmou ao ((o))eco que o servidor teria saído por iniciativa própria do acampamento para se isolar diante da suspeita do quadro de Covid-19. “Ele entrou em contato com a Central do Ibama que coordena as operações dizendo que sabia que havia um helicóptero de apoio que iria para Porto Velho e pedindo autorização para se desligar da operação e ir para Porto Velho, onde teria maiores alternativas de apoio hospitalar, caso houvesse necessidade. Parece que ele recebeu a visita da médica do Exército no hotel, mas nem o pessoal sabia exatamente o que fazer. O fiscal mesmo é que foi num médico da cidade e fez o teste, que deu positivo. Aí no dia seguinte [26], as equipes estavam saindo de Apuí nas viaturas e o helicóptero já tinha ido embora, mas o fiscal permanecia lá”, conta Elizabeth, que explica que o fiscal foi dirigindo sozinho numa viatura até Porto Velho – um trajeto de cerca de 600 quilômetros de estrada.
A ASCEMA publicou uma carta aberta nesta terça-feira (30) em que denuncia uma vez mais o descaso com os servidores dos órgãos ambientais expostos no campo na Operação Verde Brasil 2, pela ausência de protocolos rígidos contra a transmissão do novo coronavírus e medidas como: testagem, equipamentos individuais de segurança e que “o Ministério do Meio Ambiente, o Ibama e o ICMBio exija, de todas as instituições parceiras, o cumprimento dos mesmos protocolos de segurança, quando de atividades conjuntas”.
“São várias operações em vários lugares, em algumas parece que os protocolos estão sendo seguidos à risca por todos os componentes e todas as entidades que estão participando da operação; em outras não, e é isso que preocupa. Porque não adianta a gente exigir do Ibama cumprir todos os protocolos, se outros órgãos que estão juntos não fazem. Uma atitude de uma instituição anula a da outra. Além de colocar as populações e os próprios parceiros em risco”, alerta Elizabeth.
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