O uso de peso apropriado nas proximidades dos anzóis é uma forma eficiente de evitar a captura incidental de aves marinhas, como os albatrozes e petréis, e não afeta a pesca com espinhéis — extensas cabos de nylon com até 80 quilômetros onde estão presas linhas secundárias com anzóis. A conclusão vem de um estudo publicado por pesquisadores do Projeto Albatroz na revista científica Aquatic Conservation Marine and Freshwater Ecosystems.
Os pesquisadores analisaram um total de 26.377 anzóis, em 4 embarcações, onde foi observado o uso de dois tipos pesos — o peso comum, de 60 g, e o peso seguro, também de 60g — à distâncias diferentes do anzol, e verificado se a distância e o aparato influenciava na pescaria e na captura dos albatrozes e petréis.
O teste verificou que o uso dos pesos e das distâncias não alterou os resultados da pesca, mas o impacto na captura das aves marinhas foi menor com o peso seguro a 1m de distância do anzol. A linha fica amarrada no peso convencional. Em caso de rompimento da corda, o aparato volta em direção ao pescador, causando acidentes. Por isso, a recomendação é o uso do peso convencional mais longe do anzol, o que o torna mais lento para chegar ao fundo e causa mais captura de aves marinhas. O peso seguro, ao contrário, desliza pela corda e em caso de ruptura, cairá no mar ou chegará mais leve ao pescador. Essa capacidade torna possível colocar o peso a 1m do anzol, distância considerada ideal para diminuir o impacto sob as grandes aves marinhas.
O estudo demonstrou que o peso seguro a 1m de distância do anzol pegou apenas uma ave, enquanto os outros pesos capturaram dez.
De acordo com o coordenador científico do Projeto Albatroz, Dr. Dimas Gianuca, a utilização das medidas mitigadoras é benéfica tanto para pescadores quanto para as aves marinhas.
“O regime de peso é uma medida necessária para diminuir essa mortalidade e o desenvolvimento de sistemas de pesos seguros, como o Lumo Lead, permite que os pescadores utilizem as melhores práticas para reduzir a captura de aves marinhas ao mesmo tempo em que aumentam a sua segurança durante a pesca”, explica Dimas Gianuca.
Os grandes albatrozes podem ter mais de 3 metros de envergadura, e os petréis, chegam a quase 1,5 metros de envergadura. As seis espécies de albatroz encontradas no Brasil estão ameaçadas, pelos critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), sendo que duas são consideradas “em perigo”.
Assista ao vídeo com resultados simplificados do estudo
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