No início da semana, causou muita discussão entre ambientalistas o decreto nº 48.481 da Prefeitura do Rio de Janeiro que transfere as atividades relacionadas ao licenciamento ambiental no município para uma subpasta dentro da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação (SMDEIS), retirando-as da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SMAC). As secretarias se pronunciaram conjuntamente, por meio de nota enviada ao ((o))eco, sobre a mudança e esclarecem que a transferência do licenciamento ambiental não significa “afrouxamento das exigências das licenças concedidas”. O texto explica ainda que a mudança “tem o objetivo de dar segurança jurídica, eficiência e integrar todo o processo de licenciamentos em um único órgão da Prefeitura”.
“O corpo técnico ambiental segue tendo autonomia, as regras existem e devem ser respeitadas. Não há mudanças na legislação. Toda e qualquer licença requerida em unidades de conservação ambiental municipais e suas respectivas zonas de amortecimento devem ser analisadas previamente pela Gerência de Unidades de Conservação, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente da Cidade”, completa a nota.
((o))eco conversou com Marcus Lima, ex-presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea-RJ) e professor de direito ambiental sobre a decisão da prefeitura do Rio. O advogado acredita que a mudança não trará prejuízos à pauta do licenciamento dentro do município e afirma que não existe ilegalidade no ato. “A Política Nacional do Meio Ambiente logo em seus primeiros objetivos tem lá compatibilizar desenvolvimento econômico com proteção do meio ambiente. Então o licenciamento ambiental estar numa Secretaria de Desenvolvimento Econômico, em princípio não tem nada de estranho. E do ponto de vista legal, não existe problema”, comenta.
Marcus lembra também que o decreto municipal também transfere os cargos efetivos e em comissão, vagos e ocupados, com seus respectivos ocupantes e encargos, da Coordenadoria de Controle Ambiental – dentro da SMAC – para a subsecretaria da SMDEIS, o que garante a legalidade da mudança. “A Lei Complementar 140 fala que para o ente federativo estar habilitado para exercer atividade de licenciamento, ele tem que ter órgão com técnicos próprios ou em convênio, devidamente qualificados e em número suficiente para atender a demanda. Então se a Prefeitura do Rio está transferindo para a Secretaria de Desenvolvimento todo um setor, com todos os cargos, analistas, que hoje atendem a demanda do licenciamento ambiental, não há prejuízo absolutamente nenhum no fato deles estarem sendo transferidos”, opina o advogado.
“O licenciamento ambiental basicamente é um instrumento que dá uma permissão para o empreendedor exercer sua atividade quando ele atende todos os parâmetros, padrões e legislações ambientais, e isso não vai mudar. Não existe a possibilidade do tratamento do licenciamento ser diferente pelo simples fato dele estar subordinado a outro setor”, acredita.
De acordo com o decreto, as atribuições de fiscalização e aplicação de sanções referentes aos processos de licenciamento, entretanto, permanecem com a SMAC. Marcus ressalta que cabe à secretaria garantir o monitoramento “pós-licença”, ou seja, fiscalizar para garantir que os empreendimentos cumpram suas condicionantes e os critérios estabelecidos pelo licenciamento.
Leia também
Prefeitura do Rio transfere licenciamento ambiental para secretaria de desenvolvimento
Prefeitura do Rio inicia processo para transformar a Floresta de Camboatá em parque
Processo de licenciamento ambiental poderá ter audiência virtual, resolve Salles
Leia também
Processo de licenciamento ambiental poderá ter audiência virtual, resolve Salles
Resolução foi publicada nesta quarta (12) pelo CONAMA, conselho presidido por Salles e permite que audiências com comunidades afetadas por empreendimentos em processo de licitação sejam feitas online →
Prefeitura do Rio inicia processo para transformar a Floresta de Camboatá em parque
Prefeito pediu oficialmente o arquivamento do licenciamento do autódromo em Deodoro. Secretário de Meio Ambiente cita década da restauração ao anunciar desistência →
Prefeitura do Rio transfere licenciamento ambiental para secretaria de desenvolvimento
A incumbência sobre os processos de licenciamento, antes exclusiva da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, agora pertence à subpasta da secretaria de desenvolvimento →