No dia 30 de janeiro, o juiz federal Ruy Dias de Souza Filho assinou liminar notificando o Ibama de que o ex-gerente do órgão em Sinop (MT), Waldivino Gomes Silva, está proibido de assumir qualquer cargo de direção e chefia na autarquia. O motivo para tal proibição é que Waldivino é acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de atuar no esquema criminoso que promoveu o maior desmatamento já ocorrido na Amazônia.
A investigação do MPF teve início no ano passado e descobriu que Waldivino fornecia informações privilegiadas sobre ocorrência de fiscalizações para o grupo de desmatadores liderado por Antônio José Junqueira Vilela Filho, o AJ Vilela ou Jotinha, que comandava o esquema de São Paulo. A força-tarefa da operação Rios Voadores descobriu ainda a participação da esposa de Waldivino, Obalúcia de Sousa no esquema.
Além das informações sobre fiscalização, Waldivino Silva ajudava o grupo cometendo ilegalidades na condução de procedimentos administrativos dentro do Ibama, como a devolução de equipamentos que eram apreendidos nas ações de fiscalização à empresa que trabalhava para o grupo de AJ Vilela. Silva não registrava a devolução dos materiais e não comunicava ao núcleo de instrução processual da autarquia, ação que levou o MPF a denunciar o ex-gerente do Ibama por sonegação de documento.
Além do casal, foram denunciados Jerônimo Braz Garcia, um dos fornecedores dos equipamentos para o desmate e executores do desmatamento, e Wanderley Ribeiro Gomes, por desmatamento e corrupção.
Histórico
AJ Vilela é considerado o maior desmatador da história recente da Amazônia. Filho de um pecuarista milionário de São Paulo, Jotinha, como também é chamado, operava um esquema sofisticado que envolvia desmatamento em série, grilagem de terras públicas, lavagem de dinheiro, falsificação e trabalho escravo no Pará. A operação Rios Voadores, que prendeu a quadrilha, foi deflagrada em 30 de junho de 2016, após dois anos de quebras de sigilo bancário e interceptações telefônicas.
O grupo de acusados, segundo o MPF e o Ibama, é responsável pelo desmate, entre 2012 e 2015, de 330 quilômetros quadrados de florestas em Altamira, no Pará. A área é equivalente ao território de municípios como Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG) ou Recife (PE). O esquema conseguiu movimentar pelo menos R$ 1,9 bilhão.
Os envolvidos no esquema podem pegar penas de até 238 anos de prisão, multas, pagamento de R$ 503 milhões em prejuízos ambientais, recuperação da área ilegalmente desmatada, demolição de edificações construídas em áreas irregulares, e proibição, por até dez anos, de acessar linhas de financiamento ou benefícios fiscais oferecidos pelo poder público.
*Com informações da assessoria de imprensa do Ministério Público Federal no Pará
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Punição muito branda para o gerente do IBAMA em Sinop. Épor isto que a corrupçao continua. Simplesmente ser impedido de ocupar cargo de chefia no orgão não o impede de cometer novas falcatruas. Mesmo como funcionário comum, continuará a ter acesso a informações internas do orgão, repassando para os marginais, o que lhe renderá muito mais lucro que uma gratificação por chefia. Que se dane a chefia. Funcionários com este procedimento devriam ser sumariamente demitidos. Com a punição que recebeu, fica comprovado que a corrupção compensa.
Mas que barbaridade. Ato obvio. Demorou.
Corrupção deveria ser crime hediondo, principalmente na saúde, educação e meio ambiente.
Não se esqueçam de saber de quem o waldivino era "afilhado" dentro do Ibama..Qual o dirigente do Ibama que o colocou na gerex/sinop? (pq não confiava no pessoal do ibama de sinop!!!) Como um segundo "salvador da pátria no mato Grosso (o primeiro foi o superintendente que andava com o waldivino em "missões sigilosas")..os dois a trabalhando como subordinados diretos de um certo diretor em brasília..Vieram para o Mato Grosso fazer o quê?? Estragos!!
Já teve outro Gerex do Ibama impedido de ocupar novos cargos uns anos atrás…Walmir de Jesus