Nos últimos 22 anos, os paulistanos respiraram ar com altas concentrações de poluentes e nem mesmo durante a pandemia (2020 e 2021) essa situação melhorou, mostra levantamento divulgado ontem (26) pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA).
A poluição ambiental provoca cerca de 7 milhões de mortes no mundo todos os anos, sendo cerca de 300 mil no continente americano, segundo estimativas conservadoras. No Brasil, o número estimado de mortes causadas pela poluição do ar chega a 150 mil por ano.
Em sua análise, o IEMA observou a evolução anual das concentrações de três poluentes – Material particulado (MP 2,5 e MP 10), Ozônio (O³) e Dióxido de Nitrogênio (NO²) – entre 2000 e 2021.
Todos eles mantiveram-se, durante a série histórica analisada, acima dos novos padrões definidos pela OMS em 2021. Em algumas estações, os níveis encontrados superaram em duas, três e até quatro vezes os valores recomendados, como na Marginal Tietê.
Apesar disso, o IEMA salienta a importância de políticas públicas voltadas para o tema, como a instituição do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve), em 1986, que foi responsável pela queda de NO2 na capital paulista, tornando-a um pouco menos poluída.
O Proconve foi estabelecido porque, na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), a qualidade do ar é influenciada principalmente pelas emissões provenientes do trânsito, seja através da emissão de compostos orgânicos voláteis na combustão dos combustíveis, pelo desgaste das peças ou pelo atrito com as vias.
Os poluentes do ar têm efeito agudo e crônico na saúde, levando ao agravamento de doenças respiratórias, cardiovasculares e neurológicas.
“O objetivo da nossa nota técnica é alertar a necessidade de se reduzir as emissões de poluentes em São Paulo. Para isso, precisa-se reduzir radicalmente a circulação de veículos na cidade, investindo em transporte público e transporte ativo”, diz David Tsai, gerente de projetos no IEMA e coordenador do levantamento.
Para acessar os dados sobre a poluição em São Paulo, clique aqui.
Leia também
Novo alerta sobre impacto da poluição do ar na saúde é divulgado, mas Brasil não escuta
Pesquisa indica que poluição do ar em ambientes externos mata 8,8 milhões de pessoas no mundo, o dobro da estimativa antes divulgada →
Conama tem 24 meses para editar norma mais restritiva de qualidade do ar, decide STF
Conselho deverá utilizar novos limites de emissão de poluentes estabelecidos em 2021 pela Organização Mundial da Saúde. Decisão foi tomada em julgamento de ação do Pacote Verde →
Brasil não cumpre legislação sobre qualidade do ar
Risco para a saúde e meio ambiente, o país mal sabe o quadro de poluição porque a maioria dos estados sequer avalia as emissões de poluentes →