O pesquisador Ricardo Galvão, ex-diretor do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) demitido do cargo depois de rebater as tentativas de Bolsonaro em desqualificar os dados de desmatamento medidos pelo órgão, diz que aceitaria comandar o Ministério de Ciência e Tecnologia se Lula for eleito, caso seja convidado oficialmente.
Galvão confirma que foi sondado para ocupar o cargo por membros da campanha do presidenciável, mas, ao contrário do que saiu na imprensa nesta quinta-feira, ele não teria sido abordado diretamente pelo ex-ministro Sérgio Rezende, que atualmente é responsável pela formulação das propostas do petista para a área.
“O que aconteceu foi que grupos do Rio de Janeiro e de São Paulo que estão trabalhando na campanha do Lula me perguntaram se eu me incomodaria se meu nome fosse sugerido para Ministro de Ciência e Tecnologia, só isso. Eu falei que concordava, mas não tive nenhum contato direto com a equipe do Lula”, disse, a ((o))eco.
Galvão foi então questionado se, caso seja convidado oficialmente pela equipe direta de campanha de Lula, aceitaria assumir o comando da pasta, em um futuro governo petista. “Se fosse convidado oficialmente, aceitaria”.
Ricardo Galvão ficou conhecido internacionalmente por sua defesa da Ciência e contra os ataques de Bolsonaro. Em 2019, o pesquisador foi tratado como herói e indicado pela revista científica Nature como a primeira das dez personalidades mais importantes para a Ciência naquele ano.
Pelas mesmas razões, em 2021, o professor titular do Instituto de Física da Universidade de São Paulo recebeu da Associação Americana para o Avanço da Ciência o Prêmio da Liberdade e Responsabilidade Científica.
Atualmente Galvão é candidato a deputado federal por São Paulo pela Rede e, se eleito, diz que pretende formar uma “bancada da ciência” no Congresso.
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