Notícias

Senado aprova reestruturação de ministérios sem mudar texto que saiu da Câmara

Votação aconteceu na manhã desta quinta-feira, último dia do prazo. Os 37 ministérios de Lula foram mantidos, mas Meio Ambiente e Povos Indígenas saem esvaziados

Cristiane Prizibisczki ·
1 de junho de 2023

O Senado aprovou, no início da tarde desta quinta-feira (1º), por 51 votos a favor e 19 contra, a Medida Provisória 1.154/2023, que reestrutura ministérios do Poder Executivo. O texto aprovado pelos senadores é o mesmo que chegou da Câmara, na madrugada desta quinta. Com a votação nas duas casas, os 37 ministérios propostos por Lula serão mantidos, mas as pastas do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas saíram esvaziadas.

Por decisão dos parlamentares, a gestão do Cadastro Ambiental Rural (CAR) – componente central nas estratégias de regularização fundiária do país – sai do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e vai para o Ministério de Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI).  

Quando a proposta veio à público, com a publicação do relatório do relator da MP na Câmara, o deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), na última semana, organizações da sociedade civil alertaram que o Ministério de Gestão não tem competência técnica para administrar o sistema do CAR junto aos estados. O resultado da transferência poderá ser a pulverização de sistemas estaduais com a consequente insegurança jurídica e prejuízos aos processos de regularização.

A Agência Nacional das Águas (ANA) também sai do MMA e volta para o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), assim como era na gestão Bolsonaro. O ministério deve ficar responsável pela Política Nacional de Recursos Hídricos e pelo controle da compensação pelo uso das águas para produção energética.

Em nota técnica publicada na última semana, quando a proposta de mudança da ANA veio à público, o secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, salientou que a gestão da ANA sob o Ministério do Desenvolvimento Regional vai minimizar a importância da água nos sistemas ecológicos.

“Retornar a condução da Política Nacional de Recursos Hídricos e a Segurança Hídrica ao Ministério de Integração e Desenvolvimento Regional atende apenas a uma parcela do interesse público, haja vista que nesse Ministério prevalecerá a ótica da água apenas como insumo para as atividades humanas e negligenciando a atuação para a manutenção dos processos ecológicos, das comunidades e povos tradicionais e à adaptação às mudanças climáticas.”

O Serviço Florestal Brasileiro (SFB) continua no MMA – durante Bolsonaro ele foi transferido para o Ministério da Agricultura –, assim como a gestão de florestas públicas concedidas para a produção sustentável. A responsabilidade por florestas plantadas, no entanto, fica com o Ministério da Agricultura, em articulação com o MMA.

Povos Indígenas e quilombolas

O texto aprovado pelos senadores nesta quinta-feira mantém o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), mas, devido às mudanças propostas na Câmara, a pasta perde importantes atribuições.

Pelo texto aprovado pelo Congresso, a função de reconhecimento e demarcação de terras indígenas volta para o Ministério da Justiça e Segurança Pública. O MPI fica responsável por defender e gerir terras e territórios indígenas e pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).

A identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e titulação de terras de comunidades quilombolas ficará a cargo do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, que, com o texto dos parlamentares também ganha as competências de recuperação e conservação de áreas degradadas para desenvolvimento rural sustentável e transição agroecológica.

O texto agora vai para sanção presidencial. Lula pode escolher vetar as mudanças feitas pelos parlamentares. Se isso acontecer, o texto volta novamente para as casas Legislativas. Para derrubar o veto presidencial, é preciso maioria dos votos de Deputados (257 votos) e senadores (41 votos).

  • Cristiane Prizibisczki

    Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow...

Leia também

Notícias
1 de junho de 2023

Sem mudar texto, Câmara aprova MP da reforma administrativa

Discussão sobre a medida provisória varou a noite e foi aprovada quase na chegada desta quinta-feira. Senado deve votar até o fim do dia de hoje (01) o texto, sem modificação

Notícias
25 de maio de 2023

Marina admite momento difícil e critica MP da reforma administrativa

Novo presidente do ICMBio promete democratizar o acesso aos parques nacionais e outras unidades de conservação federais

Notícias
24 de maio de 2023

Comissão aprova relatório da MP da reestruturação com Ministério do Meio Ambiente esvaziado

Esforço para retirar desestruturação do desenho do MMA e do Ministério dos Povos Indígenas não funcionou. Comissão aprovou relatório com 15 votos

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Comentários 1

  1. MARCO ANTONIO ARAUJO MARTINS diz:

    Argumentos não verdadeiros. A ecoeficiência do eucalipto é muito melhor que as arvores nativas e algumas culturas agricolas