Notícias

Apesar do nome, transmissão da “varíola dos macacos” não está associada a primatas

Esclarecimento foi dado pela Sociedade Brasileira de Primatologia e reforça que doença, que teve seu 1º caso confirmado no Brasil, tem sido transmitida entre pessoas e não por macacos

Duda Menegassi ·
9 de junho de 2022 · 2 anos atrás

Em comunicado publicado na última semana, a Sociedade Brasileira de Primatologia reforça que a transmissão da doença chamada de “varíola dos macacos”, apesar do nome, não está associada aos primatas. O texto também apela para que não sejam feitas retaliações contra os animais, por medo da doença, já que, além de não transmitirem a doença, os macacos na verdade são sentinelas para a presença de zoonoses que possam impactar a saúde humana.

A doença é causada pelo vírus Monkeypox – daí o nome associado aos macacos – e pertence ao gênero Orthopoxvirus, o mesmo do vírus da “Varíola humana”, doença erradicada na década de 80. A “varíola dos macacos”, entretanto, tem uma taxa de transmissão menor e severidade mais branda, e é considerada endêmica em países da África Central e Ocidental. Desde o dia 13 de maio deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta para a circulação da doença, com casos confirmados em 22 países fora da África.

Nesta quarta-feira (08), foi confirmado o primeiro caso de pessoa contaminada com a doença no Brasil, em São Paulo. O paciente, um homem que viajou à Espanha – segundo país com maior número de casos da doença – está em isolamento em um hospital da capital paulista. Existem outros casos no país em investigação com suspeita de serem também “varíola dos macacos”.

“As instituições signatárias deste informe vêm esclarecer que, apesar do vírus receber a nomenclatura de varíola dos macacos, o atual surto não tem a participação de macacos na transmissão para seres humanos. Todas as transmissões identificadas até o momento pelas agências de saúde no mundo foram atribuídas à contaminação por transmissão entre pessoas”, esclarece o comunicado da SBP, assinado por 11 instituições.

O texto destaca ainda que os macacos não são vilões e sim vítimas, e ressalta que os animais não devem sofrer nenhuma retaliação por parte da população por medo da doença. “O receio de contágio por transmissão desta e de outras doenças, como a febre amarela, pela proximidade com os macacos não se justifica” e que, na verdade, os primatas servem como sentinelas, já que muitas vezes adoecem antes e alertam para a presença e risco de uma doença que pode afetar também primatas humanos.
Por isso, a SBP solicita também que ao avistar algum macaco doente ou morte, as pessoas avisem aos órgãos de saúde do seu município. Leia o comunicado na íntegra.

  • Duda Menegassi

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

Leia também

Análises
10 de março de 2022

Parasitos, epidemias e sua relação com a destruição e restauração de ecossistemas

Evidência é o que não falta relacionando fragmentação de habitats, extinções locais e abundância de espécies oportunistas com o aumento da transmissão de algumas doenças

Reportagens
25 de novembro de 2020

Especialistas criam sistema para ajudar na redução de invasões biológicas

A ferramenta digital vai indicar aos gestores de unidades de conservação as prioridades no manejo de plantas e animais não-nativos

Vídeos
8 de dezembro de 2019

Vídeo: Macacos são vilões ou vítimas da febre amarela? por Ricardo Lourenço

A febre amarela silvestre pode vitimar entre 30% a 40% dos humanos que apresentam sintomas da doença. Nos macacos, a mortalidade pode chegar a 90% dos infectados

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.