Já se sabe que o pássaro é do gênero Estinfalornes acutirostris, popularmente conhecido como bicudinho-do-brejo. O primeiro do gênero foi identificado para a ciência em maio de 1995 e encontrado em brejos de Matinhos, no leste do Paraná. Foi a primeira descoberta de um gênero novo no mundo em 100 anos. O registro da nova espécie em São Paulo, em fevereiro , foi comemorada pelos especialistas como um feito quase tão grande quanto a descoberta do próprio gênero, há 10 anos.
O novo pássaro nasceu para a ciência morrendo: o primeiro foi empalhado pelo biólogo Marcos Bornschein, com autorização do Ibama. O sacrifício é necessário por normas internacionais – é este que foi entregue ao museu.
O passarinho estava vivendo nas áreas de brejo perto da represa de abastecimento de água de Salesópolis. A bióloga da Universidade de Rio Claro Bianca Reinert, descobridora do gênero Estinfalornes acutirostris, estava por perto e foi chamada por Silveira para examinar o bicho. Com ela veio o também Bornschein, igualmente especializado no gênero. Foram eles que confirmaram a descoberta de Buzetti e Silveira – percebendo por pequenas diferenças que se tratava de uma nova espécie.
A barragem começou a encher em fevereiro, alagando os brejos. A euforia da descoberta logo se transformou numa luta para salvar o habitat e o passarinho. Sabe-se que o bicudinho tem uma capacidade de vôo limitada a 20 metros, logo, o novo espécime deveria ter a mesma. Um lago sobre seus brejos significa a morte.
O bicudinho ainda-sem-nome pode sobreviver em cativeiro. Veja as fotos e confira seu jeito frágil. Eles cantam, ou melhor, fazem um sonzinho agudo que se pode comparar com a frase “tio chico”, dita muito rápida. Repita “tic chico” várias vezes, em espaços curtos, agudizando a voz, e você estará imitando um deles.
Ninguém sabe como esses bichos pensam, nem como eles encaram a nova realidade. O que se sabe é que às vezes eles voam em duplas. Ah, um detalhe insignificante, mas também raro: eles cantam em dueto.
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