Reportagens

Além das Cataratas

Parque Nacional do Iguaçu oferece muito mais do que as impressionantes cachoeiras que o fizeram famoso. De tranqüilas caminhadas pela mata a esportes radicais.

Aline Ribeiro ·
16 de dezembro de 2005 · 18 anos atrás

A imensidão das cachoeiras que se perdem de vista, o som onipresente das corredeiras e uma sensação de bem-estar. As Cataratas são a grande atração do Parque Nacional do Iguaçu. Mas se seus planos de viagem, ao passar por lá, se resumem a dar uma olhadinha nelas, é melhor começar a repensar o roteiro.

As opções do Parque são tantas e tão variadas que fica difícil escolher por onde começar a visita. Desde caminhadas tranqüilas em contato com a rica fauna da região até atividades com sabor de adrenalina, como rapel, rafting, arvorismo e escalada. Para quem gosta do meio termo, um tour com barco bimotor que leva os visitantes às margens brasileira e argentina do rio Iguaçu – de brinde, uma vista indescritível.

No centro de visitantes, mapas e folders explicativos dão algumas dicas e ajudam a desembaralhar as idéias. A taxa de visitação varia de acordo com a idade e a nacionalidade. Crianças de até 6 anos pagam somente o ônibus de dois andares que leva aos principais pontos do parque. Se derem sorte, podem “viajar” em veículos pintados com seu animal preferido. As opções de desenho são onça-pintada, borboleta, quati, macaco-prego, cobra coral, tucano, papagaio e jacaré-do-papo-amarelo. Adultos têm de desembolsar de 7,50 a 15 reais para desfrutar das atrações – sem contar com o valor do transporte, que chega a 4,90 reais. Estrangeiros pagam mais. Se forem da Argentina, Uruguai ou Paraguai, ganham uma colher-de-chá. Moradores da região de Foz do Iguaçu têm desconto especial e brasileiros com mais de 60 anos entram de graça.

Enquanto decide por qual ou quais passeios optar, vale dar uma passadinha na loja com produtos personalizados de Foz do Iguaçu. Souvenirs, quatis de pelúcia, camisetas e bonés são ótimas lembranças para se levar do parque. Ainda na fase de preparação, crianças e adultos podem explorar uma exposição educativa permanente. O objetivo é que os passageiros saibam um pouco mais sobre a fauna e flora local antes de iniciar a viagem. Além da educação ambiental, o espaço conta com uma sala de projeção para filmes em 3D com temas ligados à ecologia.

Chega enfim a hora de iniciar a aventura. Para dar uma mãozinha no momento da escolha, O Eco traz aqui descrições das principais atrações.

Caminho verde

Ideal para quem quer contato intenso com a natureza, a trilha Poço Preto começa por uma passarela suspensa de 320 metros, que conduz a uma estrada antiga de 9 km de extensão. Para esta opção, é bom que o aventureiro esteja com os exercícios físicos em dia. O caminho maior pode se percorrido a pé ou de bicicleta. Durante o trajeto, algumas paradas para descanso, observação de pássaros com binóculos ou simplesmente para ouvir alguns ensinamentos dos guias bilíngües. Ao final do percurso, uma trilha rústica de 500 metros leva o visitante à Casa Mata, uma estrutura de madeira a 10 metros de altura, de onde é possível avistar uma floresta riquíssima. É de lá também que se vêem os peixes, répteis e aves que habitam a lagoa do Poço Preto.

Para a volta, uma boa notícia: não é necessário andar mais 9 km. O retorno pode ser feito de barco bimotor, pelo alto do rio Iguaçu. Com um pouquinho mais de coragem, a volta é realizada em “ducks”, pequenos barcos infláveis parecidos com caiaques, que comportam duas pessoas. Antes disso, um rápido treinamento ensina aos aventureiros como remar. Paradas em algumas ilhas do trajeto fecham com chave de ouro a expedição, que chega a durar até 4 horas e meia e custa 135 reais.

Há passeios mais leves, como a trilha das Bananeiras, um mini-trekking de 1,5 km que sai por 105 reais. Para a volta, as mesmas opções oferecidas na trilha Poço Preto, com a diferença de que este dura uma hora menos. Se a escolha for pelo passeio das Ilhas, o visitante sai de Porto de Canoas e chega a 100 metros da conhecida Garganta do Diabo – principal queda das Cataratas, com 90 metros de altura —, além de navegar pelo lado argentino. A duração é de meia hora e o preço, 30 reais por pessoa.

Fechando o ciclo de atrações mais serenas, a Linha do Martins é uma espécie de meio termo entre as opções anteriores. Por 225 reais, num período de 6 horas e meia, os visitantes fazem trilha, passam por pontes, descansam na Casa Mata, lancham, andam de barcos ou ducks. Durante a parada na Ilha dos Papagaios, uma inesquecível visita ao dormitório de milhares de periquitos-maracanã. Isso se der sorte de chegar por volta das 19h30 do horário de verão, que é quando os pássaros estão se acomodando para o sono.

Adrenalina

Para os mais intrépidos, há esportes de todo tipo: tirolesa, rapel, rafting, escalada ou arvorismo. Cada um tem sua peculiaridade. O rapel, por exemplo, é feito a 55 metros de altura, com vista para as Cataratas do Iguaçu. Depois da atividade, o visitante pode retornar pelas escadas, ou ainda fazer rafting ou escalada na rocha. O arvorismo tem dois níveis de dificuldade: baixo e alto. O circuito pode terminar com tirolesa. Os passeios variam de 30 a 80 reais por pessoa e têm algumas exigências mínimas, como altura e idade dos participantes.

Entre os passeios com adrenalina, o carro-chefe é o Macuco Safari. Mais que recomendado por aqueles que já fizeram, a expedição fica agitada quando os aventureiros chegam ao rio Iguaçu. No início, desvendam a mata dentro de carros elétricos, numa trilha de 3 km. Com sorte, alguns animais fazem a honra da casa. Depois de uma caminhada de 600 metros, uma parada para contemplar o Salto do Macuco. Aí a aventura começa. A 80 km/h, um barco leva os passageiros até muito próximo dos saltos. O banho é inevitável. É recomendado que se vá com roupas confortáveis, além de levar uma troca extra. Quem quiser ainda mais aventura, na volta enfrenta as corredeiras de rafting. Todos os participantes – de iniciantes a profissionais – passam por treinamento antes de descer o rio, que tem nível de dificuldade três (numa escala que vai até seis). O Macuco Safari sai por 148 reais – sem contar os 80 do rafting.

Se depois de tantas sugestões você ainda não se decidiu por um passeio, aí vai uma dica pra lá de persuasiva. Nos dias de lua cheia, a luz refletida nas águas das quedas se transforma num magnífico arco-íris prateado. Um fenômeno não raro de se ver, mas impossível de esquecer. Tem ainda os encontros com os simpáticos quatis, tão acostumados com a presença de visitantes que os perseguem durante a caminhada. Motivos suficientes para dedicar alguns dias do ano para conhecer o parque. Ou precisa mais?

Leia também

Notícias
28 de março de 2024

Estados inseridos no bioma Cerrado estudam unificação de dados sobre desmatamento

Ação é uma das previstas na força-tarefa criada pelo Governo Federal para conter destruição crescente do bioma

Salada Verde
28 de março de 2024

Uma bolada para a conservação no Paraná

Os estimados R$ 1,5 bilhão poderiam ser aplicados em unidades de conservação da natureza ou corredores ecológicos

Salada Verde
28 de março de 2024

Parque no RJ novamente puxa recorde de turismo em UCs federais

Essas áreas protegidas receberam no ano passado 23,7 milhões de visitantes, sendo metade disso nos parques nacionais

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.