Reportagens

O planejamento faz o turista

Após o fechamento de campings ilegais e restrições ao turismo em Ilha Grande, quem deseja visitar o local no feriado precisa se organizar com antecedência.

Juliana Tinoco ·
7 de abril de 2006 · 18 anos atrás

Os feriados do mês de abril e maio se aproximam e para quem é fã de praias, belezas naturais e, de quebra, gosta de fazer ecoturismo, Ilha Grande, distrito de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, oferece excelentes opções de passeios. Um turista ecologicamente correto precisa saber como se hospedar na ilha dentro da lei.

A Operação Angra Legal, deflagrada no primeiro mês deste ano na ilha, fechou campings ilegais e proibiu a lotação de barcos. Após um Revéillon que atraiu 30 mil pessoas ao local, no Carnaval houve uma redução de 40% no número de visitantes. Muita gente teve que voltar para casa sem curtir o feriado. Agora, com menos opções de acomodação, o turista precisa se planejar para não embarcar em programa furado.

A companhia Barcas S/A, que oferece transporte para a Ilha Grande, possui duas barcas que saem de Mangaratiba às 8 horas da manhã. De Angra, partem mais duas, às 13h em fins-de-semana e feriados, e às 15h, em dias normais. Durante a semana, o transporte custa R$ 4,90. Mas nos sábados, domingos e feriados sobe para R$ 15. A lotação máxima é de mil pessoas por barco. Para garantir vaga o telefone é: Telebarcas Barcas S/A (21) 4004-3113.

Quem perder o horário da barca tem a opção de chegar na ilha com os saveiros de pescadores, que esperam os turistas no cais. Eles não estão proibidos, mas o serviço é desvinculado da Secretaria Municipal de Turismo (TurisAngra), por isso não se pode estimar horários nem preços. São esses barcos que oferecem também passeios de um dia para os que estão hospedados em localidades próximas, como Angra dos Reis.

Depois da varredura e do fechamento de 29 campings ilegais, 14 funcionarão durante o feriado: 12 em Abraão e dois na praia de Palmas, com espaço para um total de 825 barracas. A TurisAngra traz uma lista com os telefones para contatos e reservas nos campings. Apenas dois possuem site com fotos do local.

Nenhuma pousada foi fechada na Operação, mas para garantir lugar também é recomendável se planejar com antecedência. São 76 pousadas, com cerca de 4 mil leitos. Vale fazer reserva. Os telefones da Central de Informação ao Turista são: (24) 3367-7855 e (24) 3367-7826.

Restrições

A estimativa é de que 10 mil pessoas visitem a ilha durante os feriados da Semana Santa, Tiradentes e 1o de maio. A Barcas S/A chegou a propor a criação de 16 novos horários de partida para a ilha. Idéia logo vetada. Cristiane Brasil, chefe da TurisAngra, explica o problema: “A ilha só tem saneamento básico para suportar 7 mil e 500 pessoas, divididas entre os moradores e os turistas”. Atualmente, em torno de 4 mil pessoas residem Vila do Abraão.

A praia de Aventureiro (foto), que fica em área de reserva biológica, teve 21 campings ilegais fechados. “A situação lá é diferente da dos campings em Abraão, que apenas estavam irregulares. Em Aventureiro não se pode acampar mesmo”, diz Cristiane. Na praia de Palmas, três campings foram fechados por estarem em situação irregular. Outras belas praias, como Lopes Mendes e Santo Antônio, não possuem hospedagem.

Conhecer as praias da ilha demanda energia para caminhada. Lopes Mendes, Dois Rios, Santo Antônio e Palmas, por exemplo, são alcançáveis por trilha e é possível ir e voltar no mesmo dia. A cachoeira da Feiticeira é outra boa opção, mas a caminhada é mais puxada. Em Abraão é possível ainda agendar passeios de barco para a Lagoa Azul, região de águas claras para a prática de snorkel.

Para Aventureiro ou Parnaioca, é possível ir de barco quando a maré não está muito alta, mas as praias ficam em mar aberto. Outra alternativa é alcançar Provetá ou Araçatiba de barco e de lá fazer a caminhada, de aproximadamente quatro horas e dificuldade média. Também dá para ir e voltar no mesmo dia.

Eduardo Tábite, subsecretário de Meio Ambiente de Angra dos Reis, garante que a prefeitura “está disposta a lutar com mão de ferro pela preservação do meio ambiente na região, especialmente na ilha”. Já corre na Câmara dos Vereadores projeto para a implantação de uma taxa a ser paga por todos que pisam na ilha, a exemplo do que ocorre em Fernando de Noronha.

Nelson Palmas é dono de camping e diz que a decisão da Operação Angra Legal está sendo bem vista por quem vive do turismo na ilha. “A expectativa é de que se receba turistas de maior gabarito. Quem estava acampando em Aventureiro, por exemplo, não era turista. Era vândalo”, afirma.

  • Juliana Tinoco

    Juliana Tinoco é jornalista multimídia especializada na cobertura de Meio Ambiente, Ciência e Direitos Humanos. Por quinze an...

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