Beleza não põe mesa, mas pode ajudar a proteger o meio ambiente. Principalmente quando se perfilam beldades de todas as partes do mundo em um concurso que preza pela causa ambiental – e isso existe, pode acreditar. A competição tem tudo o que qualquer disputa de Miss que se preze deve ter: garotas de biquíni, faixas com os nomes dos países, tiara de vencedora. Até o título chama atenção – Miss Terra. A diferença é que uma simples Miss Mundo ou Miss Universo não precisa saber falar sobre temas como aquecimento global ou desmatamento da Amazônia. A Miss Terra tem que ter tudo isso na ponta da língua.
A disputa deste ano começou no último dia cinco e vai até o dia 26. Ao longo do mês, 89 belezuras terão que esbanjar charme e elegância em jantares de gala, desfiles e festas. De quebra, visitarão projetos relacionados à proteção do meio ambiente, plantarão árvores e, se possível, posarão para fotos ao lado de animais ameaçados de extinção – mas isso não vale ponto. O importante é que as candidatas mostrem desenvoltura ao discursarem sobre os problemas ambientais de sua terra natal e proporem soluções criativas para as questões. Em 2005, também fez parte da competição um desfile de moda com trajes de material reciclado. Mais ambientalmente correto, impossível.
Este é o sexto ano do concurso, que sempre acontece nas Filipinas, país sede da empresa criadora do evento. Depois de colher experiência na árdua preparação de aspirantes a Miss em diferentes concursos, a Carousel Productions Inc. percebeu que havia espaço nesse terreno para divulgação de mensagens positivas, sobre causas importantes. Daí a idéia de fazer as meninas trocarem o desejo de “paz mundial” por coisas como o fim da matriz energética baseada em combustíveis fósseis. Tudo ao som de um emocionante hino, que canta ao ritmo de música disco: “Eu sou uma mulher da Terra / Espalhando amor e alegria, diversão e risadas / Mulher da Terra / Fazendo milagres para todo o sempre”. Segundo, terceiro e quarto lugar também ganham títulos: Miss Ar, Miss Água e Miss Fogo.
O Brasil será representado este ano pela gaúcha Ana Paula Quinot (foto), uma professora de ginástica de 24 anos. A principal proposta da loura para o meio ambiente é um projeto para incentivar as pessoas a construir buracos para armazenar a água da chuva. No site do evento, ela explica que este seria um método de conseguir água para o uso público, gastando menos e preservando mais. A bela se esforça ainda em divulgar que apesar de o Brasil ter diversos problemas ambientais, também possui grandes áreas de preservação da natureza, além de várias espécies de animais que “ainda vivem em seus espaços naturais”. As sul-americanas têm feito sucesso em terras asiáticas – as duas últimas vencedoras são representantes do continente. A atual, Alexandra Waldeck Braun, é venezuelana, apesar do nome germânico. A biografia explica: Alexa, para os íntimos, tem família de origem alemã. Formada em marketing, a beldade teve que suar o maiô depois de eleita. Afinal, vida de miss não é só glamour. Alexa percorreu diversas cidades filipinas, realizando atividades simbólicas, como o plantio de árvores e a distribuição de mudas de mogno para serem plantadas pela população.
Hoje a musa divulga um programa de reflorestamento em Caracas e Maracaibo. Ela também participou da criação de um programa de educação ambiental infantil e foi chamada para estrelar uma campanha internacional de divulgação de uma organização defensora dos animais. Sua antecessora fez jus à fama do Brasil de celeiro de beldades femininas. A amazonense Priscilla Meirelles, Miss Brasil 2003, conquistou de vez os corações filipinos ao se eleger Miss Terra 2004 – agora trabalha como modelo no país.
Segundo Vânia Rabelo, organizadora do Beleza Brasil – concurso que dá acesso ao Miss Terra – conseguir trabalho nessa área é normalmente o objetivo das meninas que se inscrevem em concursos do tipo. O que não desmerece o seu engajamento na causa ambiental – presente desde a instância nacional de escolha das representantes. A partir de 2003, também o Beleza Brasil passou ter o meio ambiente como tema central da disputa. Para o ano que vem, diz Vânia, estão sendo planejados eventos de plantação de mudas e de coleta de lixo em praias. A torcida é para que as moças compareçam de biquíni.
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