Reportagens

Com otimismo, mas sem dinheiro

Secretário da ONU para o Clima afirma que em 17 anos de negociação nunca houve tantas boas propostas. Financiamento de combate ao aquecimento é desafio em Copenhague.

Gustavo Faleiros ·
6 de dezembro de 2009 · 15 anos atrás

Copenhague – O secretário da Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês), Yvo de Boer, afirmou neste domingo, a poucas horas da abertura da 15a Conferência das Partes que as negociações em Copenhague devem ser bem sucedidas. Segundo ele, nunca, em 17 anos de negociações climáticas, tantas nações apresentaram propostas tão firmes para a redução de emissões. As negociações entre os 192 países membros da Convenção começam nesta segunda na Dinamarca.

 TWITTER

“Embora existam outros passos para garantir uma ação por nosso futuro climático, Copenhague já representa um ponto de virada na resposta internacional às mudanças climáticas”, disse De Boer durante a primeira coletiva de imprensa do encontro. Há cerca de três meses, o mesmo De Boer causou polêmica ao afirmar em entrevista ao “New York Times” que não havia mais tempo hábil para um acordo ambicioso em Copenhague.

Mas agora, segundo o secretário da UNFCCC, o que precisa ser decidido na Dinamarca para tornar as metas anunciadas efetivas é um aparato legal que permita uma ação imediata dos países. Isso, trocando em miúdos, significa dinheiro. Um dos maiores desafios da COP 15 será definir um pacote financeiro que permita a países desenvolvidos investirem  em nações emergentes, tanto para compensar emissões, através do mercado de carbono, quanto para ajudar na redução efetiva, através de ações como corte de desmatamento e transferência de tecnologia.

Um dos principais propostas do secretariado da Convenção é a aprovação em Copenhague de um fundo de emergência com aproximadamente US$ 10 bilhões. Isso permitiria que países em desenvolvimento, como Brasil. China e outros, começassem a implementar imediatamente seus planos de mitigação de emissões de gases de efeito estufa. Não seria preciso, portanto, esperar até 2012, quando termina o primeiro período do Protocolo de Kyoto, para começar a agir. O presidente americano, Barack Obama, afirmou que os Estados Unidos  estão prontos para financiar o fundo “fast track” como tem sido chamado o mecanismo financeiro de emergência.

Já a não-governamental Oxfan calculou que o “preço” do sucesso em Copenhague serão US$ 200 bilhões por ano. Segundo o conselheiro-senior da ONG, Antonio Hill “um compromisso financeiro dos países ricos poderia gerar uma reação em cadeia que facilitaria propostas mais ambiciosas de redução de emissões e ainda ajudaria os países mais pobres a adaptarem-se às mudanças climáticas.”

LEIA A COBERTURA COMPLETA DA COP 15 NO ESPECIAL COPENHAGUE

Multimídia
Vídeo da coletiva de imprensa de Yvo de Boer (em inglês)

  • Gustavo Faleiros

    Editor da Rainforest Investigations Network (RIN). Co-fundador do InfoAmazonia e entusiasta do geojornalismo. Baterista dos Eventos Extremos

Leia também

Notícias
20 de dezembro de 2024

COP da Desertificação avança em financiamento, mas não consegue mecanismo contra secas

Reunião não teve acordo por arcabouço global e vinculante de medidas contra secas; participação de indígenas e financiamento bilionário a 80 países vulneráveis a secas foram aprovados

Reportagens
20 de dezembro de 2024

Refinaria da Petrobras funciona há 40 dias sem licença para operação comercial

Inea diz que usina de processamento de gás natural (UPGN) no antigo Comperj ainda se encontra na fase de pré-operação, diferentemente do que anunciou a empresa

Reportagens
20 de dezembro de 2024

Trilha que percorre os antigos caminhos dos Incas une história, conservação e arqueologia

Com 30 mil km que ligam seis países, a grande Rota dos Incas, ou Qapac Ñan, rememora um passado que ainda está presente na paisagem e cultura local

Mais de ((o))eco

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.