Imagem de satélite da região da BR 319 e as áreas protegidas (em vermelho) no entorno. Use cursores para explorar. Clique aqui para baixar arquivo completo para Google Earth (imagem: Google Earth)
Apenas 1% das áreas protegidas ao longo da BR-319, entre Manaus (AM) e Porto Velho(RO) está desmatado, segundo relatório do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam).
Os dados apresentados neste mês de abril representam o total de floresta destruída na região até 2009 e vai servir de base para medir os impactos da pavimentação da rodovia, obra do governo federal que faz parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC).
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Veja entrevista com Bruno Gama Monteiro, do Sipam
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“Este é o marco zero, analisamos o desmatamento até 2009. Em seguida, vamos fazer o cálculo do incremento do desmatamento”, explicou o gerente do Sipam no Amazonas e Roraima, Bruno da Gama Monteiro. “Um por cento pode parecer irrisório, mas merece uma análise detalhada de cada área”, completa.
A equipe do Sipam utilizou imagens do LandSat, com definição de até 30m X 30m por pixel, para analisar o grau de interferência humana em 51 unidades de conservação e terras indígenas na Área de Limitação Administrativa Provisória (Alap) da rodovia, estabelecida pelo governo federal em janeiro de 2006. Duas reservas indígenas ficaram fora do estudo (Itaitinga e Ilha do Camaleão) devido à resolução do satélite.
Duas vezes a Paraíba
No total, foram analisados mais de 12 milhões de hectares, uma área equivalente a dois estados da Paraíba ou quase do tamanho do Amapá. Deste total, cerca de 112 mil hectares sofreram com ação do homem. No caso de unidades de conservação e terras indígenas que não estavam totalmente dentro da Alap, considerou-se a extensão total da reserva. Foram 31 TIs, 11 UCs Estaduais e 8 Federais.
As TIs têm proporcionalmente a maior área desmatada. Porém por serem pequenas, têm pouco peso na análise geral do desmatamento. Um exemplo é a TI Recreio/São Félix, que já teve quase 80% da área desmatada, o que significa 187,61 hectares em termos absolutos.
| Áreas Especiais | Área total (ha) | Área antropizada (ha) | Proporção (%) |
| UCs estadual | 4.392.779,54 | 66.197,72 | 1,7% |
| Terras Indígenas | 1.540.522,25 | 15.216,79 | 0,9% |
| UCs Federal | 6.426.263,28 | 30.954,37 | 0,5% |
| Total | 12.359.565,67 | 112.367,89 | 1,0% |
Em situação inversa estão duas unidades criadas em 2008 pelo governo federal no sul do Amazonas, o Parque Nacional do Mapinguari e a Floresta Nacional do Iquiri. O Parna possui proporcionalmente um baixo índice de antropização, apenas 0,6 %. No entanto, é uma das maiores áreas desmatadas entre as reservas analisadas, 10.410,68 hectares.
A Floresta Nacional do Iquiri também possui grande área desmatada, apesar deste desmatamento ser proporcionalmente pequeno ao tamanho da unidade de conservação. São 9.339,45 hectares de floresta derrubada, o que representa 0,6% da Flona.
A campeã da destruição
A Área de Proteção Ambiental do Rio Negro é a campeã de destruição da floresta, com 53.558,13 hectares, de um total de mais de 460 mil hectares de floresta já foram derrubados. A área equivale a 11% do território da APA, tipo de unidade de conservação com menos restrições à derrubada de árvores.
Em comum estas três unidades com grande área desmatada têm a localização próxima a centros urbanos. A APA Rio Negro fica perto de Manaus (AM), enquanto Mapinguari e Iquiri ficam na parte sul da rodovia 319, perto de Porto Velho (RO).
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Veja entrevista com Mônia Fernandes, do ICMBio
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De acordo com a coordenadora substituta do Instituto Chico Mendes em Manaus, Mônia Fernandes, é preciso considerar as diferenças entre os tipos de UCs, para fazer uma análise mais precisa sobre o desmatamento. “Uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável vai apresentar uma área desmatada um pouco maior, que representada roçados e áreas onde vivem os moradores”, explica.
Além disso, há casos de unidades criadas justamente onde existe pressão de desmatamento. A derrubada da floresta pode ter ocorrido antes da criação da reserva. Os números apresentados pelo Sipam ainda não são suficientes para comparar o ritmo de desmatamento ano a ano. Entretanto serão essenciais para controlar e fiscalizar os impactos da pavimentação da rodovia que já está em processo avançado de licenciamento.
*Vandré Fonseca é repórter em Manaus
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