Nesta terça-feira (31) tanto o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) quanto o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) divulgaram dados relativos ao desmatamento. Eles diferem em alguns pontos, mas apresentam resultados semelhantes em outros.
Para entender a diferença entre os sistemas Deter e SAD, clique aqui.
Inpe/Deter
De acordo com o Inpe, foram contabilizados 485,07 km2 desmatados na Amazônia Legal durante o mês de julho, um aumento em relação aos 243,74 km2 de junho. Os dados são do sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter). “Seca severa, eleições – onde regularmente abaixa o poder fiscalizatório. Afinal, ninguém quer multar eleitor – e a mudança no Código Florestal proposta pelos ruralistas (com anistia) favorecem o aumento do desmatamento”, explica Marcio Astrini, da Campanha da Amazônia do Greenpeace.
O Estado campeão de desmatamentos no mês que antecedeu os altos índices de queimadas de agosto foi o Pará, com 237,88 km2, seguido de Mato Grosso (102,24 km2), Rondônia (69,96 km2) e Amazonas (46,88 km2). Entre as cidades dos Estados que mais botaram a floresta abaixo, o destaque vai para Altamira (PA), responsável por 63,69 km2 do desmatamento, Porto Velho (RO), com 54,07 km2, Sinop (MT), com 24,76 km2 e Apuí (AM), com 29,62 km2.
Ainda que o desmate tenha aumentado de junho para julho de 2010, nos últimos doze meses (agosto de 2009 a julho de 2010) foram desmatados 2.295 km2, o que representa uma diminuição de 43% em relação a julho de 2009. No entanto, vale lembrar que o Deter é um indicador de tendências do desmatamento anual, pois entre outras razões, detecta desmates apenas em áreas acima de 25 hectares e pode deixar passar dados devido à presença de nuvens. Atualmente, os maiores desmatamentos ocorrem justamente em áreas menores do que 100 hectares.
Imazon/SAD
fonte: Imazon |
Hoje também foi dia de divulgação dos dados do boletim Transparência Florestal, do Imazon. O Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD(, do instituto, detectou 155 km2 de desmatamento na Amazônia Legal durante o mês de julho, o que representa redução de 71% em relação ao mesmo mês do ano anterior, quando o desmate chegou a 532 km2. De agosto de 2009 a julho de 2010, o boletim afirma que foram desmatados 1766 km2, o que representa redução de 16% em relação ao período anterior (agosto de 2008 a julho de 2009).
Ambos institutos concordam que em julho de 2010 a maior parte do desmatamento ocorreu no Pará. O Imazon afirma que este montante chega a 51% neste estado, seguido de Mato Grosso (23%), Rondônia (9%), Acre (8%), Amazonas (8%) e Tocantins (1%). E afirma: “destaque negativo para o crescimento da participação do Amazonas e do Acre na composição total do desmatamento da Amazônia Legal”.
Comprovação pelo Greenpeace
Os dados relativos a julho divulgados pelo Imazon serão confirmados pelo Greenpeace por meio de sobrevôos. Dois já foram feitos e o último acontecerá em setembro. Os dados do Imazon serão checados a cada três meses.
Em maio, o Greenpeace conferiu em campo 108 polígonos de desmatamento e degradação indicados pelo sistema SAD entre janeiro e março deste ano. De acordo com a ONG, 93% dos alertas estavam certos. O objetivo da parceria entre as duas organizações é aumentar a precisão do monitoramento da floresta. (Karina Miotto)
Para saber mais
Relatório Inpe – sistema Deter
Leia também
COP da Desertificação avança em financiamento, mas não consegue mecanismo contra secas
Reunião não teve acordo por arcabouço global e vinculante de medidas contra secas; participação de indígenas e financiamento bilionário a 80 países vulneráveis a secas foram aprovados →
Refinaria da Petrobras funciona há 40 dias sem licença para operação comercial
Inea diz que usina de processamento de gás natural (UPGN) no antigo Comperj ainda se encontra na fase de pré-operação, diferentemente do que anunciou a empresa →
Trilha que percorre os antigos caminhos dos Incas une história, conservação e arqueologia
Com 30 mil km que ligam seis países, a grande Rota dos Incas, ou Qapac Ñan, rememora um passado que ainda está presente na paisagem e cultura local →