
Passamos o fim de semana trabalhando sob chuva. Até agora nenhum resultado, apesar de um puma ter pisado muito próximo de um dos laços. Enquanto acionamos os equipamentos no início da noite, Marina coloca armadilhas fotográficas no entorno e checa as demais que estão espalhadas pelo Parque Nacional do Iguaçu.
No post anterior compartilhei uma série de fotos tiradas com estas ‘armadilhas’, conhecidas também como camera trap. Trata-se de um equipamento simples de fotografia ou vídeo, com um sensor que aciona a câmera quando algo passa na frente.
Este equipamento sempre foi muito utilizado por fotógrafos profissionais pelo mundo, principalmente da National Geographic americana. A revista mantém um laboratorio próprio, que inventa traquitanas tecnológicas, tais como sistemas de disparo por movimento, no mesmo princpio de cameras traps mais simples. Elas dão aos fotógrafos a possibilidade de documentar grandes felinos e outros animais nas mais inusitadas situações. Certamente muitas das fotos publicadas eram sinônimo de leitores intrigados: “Como os caras conseguem tirar o retrato de um tigre, ou leopardo das neves?” Simples, na grande maioria das vezes eles não estão lá, e sim o equipamento.
Nos últimos anos e com o avanço tecnológico, surgiram cameras traps de baixo custo, que permitem aos pesquisadores usufruir também desta tecnologia. Assim, conseguem excelentes registros dos animais em seu habitat natural, se alimentando, interagindo e trazendo informações muitas vezes impossíveis de serem comprovadas por outra maneira.
O Projeto Carnívoros do Iguaçu tem várias dessas armadilhas fotográficas espalhadas, as quais já produziram muitas fotos e vídeos da fauna local, algumas de alto valor ecológico. A foto do tamanduá-bandeira do blog anterior (e replicada aqui) é um dos exemplos. Até 2009 havia apenas uma suspeita da existência de tamanduá-bandeira dentro do parque. Encontraram pelos do animal em fezes de onça, o que não é um indício muito forte, afinal a onça poderia ter caçado o tamanduá fora dos limites do parque. Com esse registro da armadilha fotográfica, ficou comprovado que existe uma população de tamanduás-bandeira vivendo e se reproduzindo no Parque Nacional do Iguaçu.
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De novo na mata pelo projeto Carnívoros do Iguaçu
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